Revitalização de nascentes nas áreas rurais do município contribuem para o aumento da participação dos moradores nas ações do programa

Omar Morais é morador da bacia do Alto Gama, zona rural de Itapecerica, há 45 anos. O produtor rural aponta para o curso d’água que sai de sua represa particular e segue o caminho para encontrar com as águas do ribeirão do Gama.

“Desde 2014, essa água não corria assim nessa época do ano, já estava tudo seco”, afirma.

Omar assim como outros produtores da cidade já sofreu com a crise hídrica que atingiu todo o Estado. Agora ele mostra orgulhoso o resultado do Programa Pró-Mananciais, desenvolvido pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que visa preservar os mananciais utilizados pela empresa para abastecimento público.

O agricultor foi um dos vários produtores rurais da região beneficiado pelo programa. A iniciativa da Copasa, em parceria com instituições públicas e privadas, visa a revitalização e preservação das nascentes, córregos e rios, responsáveis pelo abastecimento das cidades atendidas pela Companhia em Minas Gerais. Somente em Itapecerica, já foram construídos mais de cinco mil metros de cercas para proteção das nascentes e margens do rio Gama, que integra a microbacia do Rio Itapecerica. 

Ação evita que pessoas e animais tenham acesso as fontes

O irmão de Omar, Ananias Morais, também autorizou o cercamento de nascentes em sua propriedade. Essa ação evita que animais e pessoas tenham acesso as fontes de água pisoteando o entorno, prevenindo contra o processo de assoreamento, que compromete o desenvolvimento da mata ciliar. Resistente no início, agora ele está ansioso pelas próximas etapas que envolvem outras intervenções.

“Em um ano, já vimos os resultados e o programa só trouxe benefícios. A parceria traz melhoria para todos, pois usamos a água e precisamos dela. Por isso garantir o recurso é essencial”, ressaltou.

Isaias da Fonseca, vizinho de Omar e Ananias, é agricultor e também está sentindo a diferença do programa.

“É importante que todos tenham mais água, tanto nós quanto os demais moradores. Precisamos fazer o bom uso desse recurso é fundamental”, afirmou.

Engajamento da população

A diretora de Meio Ambiente da Prefeitura de Itapecerica e presidente do Coletivo Local de Meio Ambiente (Colmeia), Ana Carolina Melo, ressalta que os resultados do Pró-Mananciais no município são visíveis, pois não chovia na região há mais de 60 dias e os córregos continuavam abastecidos.

“Entre 2014 e 2017, a zona rural foi a primeira a sentir os efeitos da crise hídrica. Agora eles estão nos procurando porque perceberam a efetividade do programa. Passaram a ser multiplicadores, informado os outros produtores, e estão ansiosos aguardando pelas próximas etapas”, destaca.

Próxima etapa

Entre 2014 e 2017, a zona rural foi a primeira a sentir os efeitos da crise hídrica (Foto: Divulgação)

A próxima etapa também inclui um cronograma de atividades para a região do Gama de Cima, em Itapecerica. Além do cercamento de nascentes e matas ciliares, plantio de mudas nativas nas áreas de preservação, o programa este ano contemplará as localidades e produtores da bacia do Ribeirão do Gama com trabalhos hora/máquina, que miram adequação de estradas, construção de cacimbas ou bolsões, de curvas de nível, de terraceamentos e de aceiros.

“Todo este trabalho ambiental não seria possível sem as ações e conhecimento da realidade local levantados pelo grupo Colmeia (Coletivo Local de Meio Ambiente). São eles que conhecem os produtores rurais e realizam o contato para apresentação do programa Pro-Mananciais. Neste ano de 2019 as expectativas são ainda maiores pela realização das ações ambientais no município de Itapecerica”, informa Jonathan Marino, representante do Setor de Atuação Socioambiental do Distrito Regional Divinópolis (SAS/DTDV).