O programa AABB Comunidade, desenvolvido pela Fundação Associação Atlética Banco do Brasil em parceria com a Prefeitura de Divinópolis, terá redução de 50%. Ao todo, 50 crianças e adolescentes deixarão de ser beneficiadas. Este é o segundo corte em dois anos.
O projeto atendia, em 2014, cerca de 150 pessoas, no ano seguinte caiu para 100 e agora para 50 com a alegação de contenção de gastos. Apesar do Banco do Brasil ser o idealizador do projeto, a maior fatia do custo fica por conta do município. Só no ano passado foram aplicados R$ 463 mil.
A Prefeitura é responsável pelo pagamento dos educadores, da alimentação e transporte. Já o Banco do Brasil participa apenas com a estrutura e uniformes.
Até no ano passado, o projeto tinha dois turnos, manhã e tarde. Eram atendidas crianças e adolescentes entre 06 e 17 anos dos bairros Lagoa dos Mandarins, Candidés, Icaraí I e II, Del Rei, Grajau, Ipanema, Eldorado, São Caetano e São Simão. Lá, elas tinham aulas de natação, música, reforço escolar, além de outras atividades.
O medo dos pais, com o corte, é com a vulnerabilidade dos filhos sozinhos em casa enquanto trabalham.
“Teve aquele primeiro corte de 50 crianças e ninguém falou nada. Hoje esses meninos estão na rua. Uns se envolvendo com drogas. As famílias atendidas são famílias de operários que trabalham fora e ganham pouco. Não dá para pagar uma pessoa para olhar porque não sobra nada do salário”, alega Jacimeirre Araújo, mãe de uma das crianças atendidas.
O presidente do bairro Lagoa dos Mandarins, Cleber Bugle está preocupado com a situação. Ele lembra que a região é uma das mais carentes de Divinópolis.
“Tem crianças que vivem da alimentação do lugar. Esse projeto não pode acabar”, alerta.
Adequações
A assessoria de comunicação da Prefeitura, informou que “a proposta do município apresentada aos parceiros é de readequação das atividades complementares à educação formal, concentrando esforços no turno da tarde, uma vez que boa parte das cerca de 100 crianças e adolescentes atendidos frequentam o projeto neste período, estando na escola regular no período da manhã”.
Entretanto, ainda há conversas com o AABB para atrair novos apoiadores e investidores para ampliar, novamente, o projeto. O próprio Banco do Brasil poderia investir além da infraestrutura para manter os 100 alunos ou mais. Outras associações, empresas também podem ser colaboradores.
Ainda segundo a assessoria, houve a construção na mesma localidade de dois novos Centros Municipais de Educação Infantil (Cemei´s), o primeiro no Bairro Lagoa dos Mandarins, que atende as crianças em tempo integral, e o segundo no Bairro Candidés. As duas unidades oferecem 300 vagas e podem ser uma alternativa para os pais.
A reportagem do PORTAL tentou contato com a AABB, mas as ligações não foram atendidas.