Amanda Quintiliano
A sabatina realizada com os nove candidatos a deputado estadual de Divinópolis, na manhã desta quinta-feira (07), transformou-se em uma prestação de contas. Sem muitas propostas, os postulantes tocaram em assuntos já conhecidos dos divinopolitanos, como a espera pela duplicação da MG-050, a agonia do Rio Itapecerica e o caos da saúde.
Cada um teve 15 minutos para se apresentar e outros cinco para responder a uma pergunta elaborada pelos membros do Fórum Permanente – responsável pela realização da arguição. A ideia era ouvir as propostas e projetos de cada um. Entretanto, todos usaram os primeiros minutos para se apresentarem. Os ocupantes de mandatos e ex-mandatários voltaram ao túnel do tempo.
Patinação
O vereador Anderson Saleme (PR) foi um dos poucos a defender, sem medo de críticas, o voto distrital. Disse que se eleito sua atuação será regional e não estadual. Para ele, é necessária a criação de um plano de desenvolvimento econômico ou Divinópolis estará fada a “patinar na história”. A MG-050, a crise do hospital, o gasoduto, também foram mencionadas.
Ele ainda lembrou-se das dificuldades logísticas para instalação de empresas, como problemas ferroviários e aéreos.
Ousadia
Neste passeio ao passado, Eliana Piola (PT do C) lembrou-se de quando foi vereadora impedindo a execução de uma
obra superfatura e instalando a CPI da Empresa de Obras Públicas (Emop). Apesar do “flashback”, Piola também falou do futuro. Disse que Divinópolis precisa de representantes “ousados” e que “temos um complexo de menos valia”.
“Uma cidade que se diz polo não pode se curvar a nenhum governo”, enfatizou.
Piola também defendeu a expansão de indústrias ao entorno da MG-050 e afirmou que devem ser impedidas as construções de condomínios residências às margens da rodovia. A ausência de divinopolitanos no primeiro e segundo escalão do governo federal também foi mencionada por ela.
Identidade regional
Ângelo Roncalli (PR) também foi apresentado como candidato de Divinópolis. Líder municipalista, ele quis transparecer o acesso fácil aos principais corredores da Cidade Administrativa e também de Brasília. Criticou a falta de representatividade do Centro-Oeste e disse que a região não tem “identidade regional”.
Para ele, é necessário identificar as prioridades e metas e unir forças entre as lideranças locais para “bater na mesa do governador” cobrando e exigindo intervenções na cidade. Na reta de cálculos, ele aproveitou a matemática para tentar convencer os presentes sobre as reais condições de ser eleito. Segundo ele, seriam necessários 40 mil votos.
Aproximação
O deputado estadual, Fabiano Tolentino (PPS), sem sair da linha de trabalho já adotada, defendeu o repasse de emendas
parlamentares – prática criticada pelo meio empresarial. Exemplificando com um repasse ao Hospital São João de Deus, afirmou que esta é uma forma de atender as entidades e população. Reconheceu um distanciamento com o setor empresarial e disse estar disposto a se aproximar.
Tolentino ainda relembrou o fim do 13º e 14º salários, do auxílio moradia, do voto fechado, projetos aprovados nos últimos anos com o apoio dele. Ele também defendeu ações macros e disse que é necessário reforçar as empresas já instaladas em Divinópolis antes de atrair outras.
Saúde
Rinaldo Valério (PTN) que já ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa, praticamente, se ateve à área da saúde. Lembrou ter sido um dos responsáveis pela construção o Hospital Público Regional, mas disse que faltou pulso firme para obra já ter sido concluída. Sem usar a palavra “superfaturamento”, apenas destacou que o orçamento inicial era de R$ 40 milhões e hoje já chega a R$ 80 milhões.
O candidato ainda defendeu a sequência do mandato. Disse ter portas abertas no governo estadual e que Divinópolis precisa de representantes de mais mandatos. A ausência de pessoas da cidade nos principais escalões do governo também foi destacada por ele.
Pulso firme
Edson Sousa (PTC) abriu a fala disparando críticas à falta de representatividade. Afirmou que Divinópolis não tem
liderança para direcionar emenda de R$ 9 milhões para a compra de uma escada magirus para o Corpo de Bombeiros. Ele salientou que a cidade é uma das maiores do estado quando considerado o crescimento vertical.
Sousa ainda dispensou o dinheiro para apoio dos empresários. Disse querer ser deputado de Minas Gerais e não de Divinópolis.
Desabafo
O último a ser sabatinado foi o vereador Adair Otaviano (PMDB). O candidato aproveitou o espaço para desabafar. MG-050, Rio Itapecerica estiveram na fala dele. Disparou que Divinópolis “recebe apenas o que é ruim”, como o centro socioeducativo e as duas praças de pedágios, uma em Itaúna/Azurita e a outra na divisa com São Sebastião do Oeste.
“Divinópolis é prioridade apenas em época de eleição, depois a cidade é cortada do mapa do governo”, enfatizou.
Os candidatos Heloísa Cerri (PV) e Rogério Pinto (PSOL) não participaram. Rogério não apresentou justificativa, já Cerri não pode comparecer por compromissos médicos. Ela encaminhou uma carta para ser lida pela presidente do partido, Iris Moreira, mas não foi permitido pelo Fórum. O documento foi recebido pelos membros.