O Brasil, historicamente, sempre sofreu da síndrome do “salvador da pátria”. A nação carece de heróis e vira e mexe cria os seus. De Tiradentes à Princesa Isabel, sempre existiram os ditos salvadores.

 

 

rodrigo (1)

O da vez agora é o tal juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato. A excelência de capa preta parece acreditar que “os fins justificam os meios” e a massa, ou pelo menos boa parte dela, se curva aos seus poderes e efeitos. Heróis são modelos, e só existem em perfeição na imaginação.

Na vida real eles são de carne e osso e, portanto, suscetíveis a erros e acertos como todos nós. Ter essa noção é fundamental, para que não se criem expectativas e para não atribuirmos a essas pessoas algo além do que elas podem e devem oferecer.

Obviamente que quem se instrui para prestar um determinado serviço tem, em tese, capacidade para fazê-lo. Mas, nem sempre, isso é regra. Até mesmo porque imprimimos nossas particularidades naquilo que produzimos. Temos as nossas preferências e nem sempre é possível agir com a absoluta isenção que a situação exige.

Ademais, há também um vício nosso em acreditar que tudo aquilo que é dito por uma “autoridade” é verdade e não se questiona. É assim com o padre, pastor, presidente e juiz. Normalmente os menos instruídos e com baixa capacidade de questionamento tendem a aceitar, afinal trata-se de uma autoridade dizendo e ela não mentiria.

Seria ótimo se fosse sempre assim, mas cabe ao cidadão questionar as informações ditas por aí. Ouvi-las, de preferência, de mais de uma fonte e de ângulos diferentes. Isso facilita o julgamento e a procura da verdade que pode estar camuflada.

Não se trata de pregar o ceticismo ou o desrespeito às autoridades, mas em se tratando do Brasil, e suas estórias que ocultam as histórias, é sempre bom ficar atento e observar o que move os fatos.

Heróis são figuras místicas ou ilustrativas. O homem normal é feito da dualidade. Um combate entre o bem e o mal que pode exprimir ora um, ora outro, de acordo com os valores morais de cada homem e mulher frente às situações que se defrontam.

Em qualquer civilização os líderes são importantes, mas não devem ser os salvadores da pátria. Um pretenso “messias” que tirará o povo da aflição. Líderes são catalisadores das mudanças. Esses entendem que a mudança efetiva emana do povo.

Até porque a verdadeira salvação vem da consciência e mudança de atitude das massas. Quando isso for entendimento geral, o “povo” deixará de ser refém de vilões e até mesmo dos heróis e suas intenções.