Lobão disse que o Samu irá desafogar a UPA (Foto: Amanda Quintiliano)

Amanda Quintiliano

O Hospital São João de Deus tenta cumprir o cronograma para entregar a Sala Vermelha a tempo do início de operação do Serviço Móvel de Atendimento a Urgência (Samu) da região Oeste. A informação foi repassada nesta sexta-feira (24) pela Assessoria de Comunicação da unidade. A previsão ainda é para ser inaugurada no dia 03 de abril, mesmo com atrasos na liberação do projeto.

O cronograma de implantação foi aprovado na reunião do Comitê Gestor Regional da Rede de Urgência e Emergência da Macro-Oeste, em novembro de 2016. Apesar de todas as fases, até agora (elaboração do projeto, submissão do projeto para aprovação na VISA, processo licitatório da obra e contratação da empresa executora) terem sido cumpridas, o projeto arquitetônico demorou a ser analisado e devolvido com as recomendações de alteração.

O novo projeto, com todas as adequações, já se encontra em nova análise na Coordenação Estadual de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde – SES, desde o dia 22 de fevereiro, com número de protocolo 0171735 – 1320 – 2016 – 5, com critério de prioridade. Após a aprovação do projeto, o HSJD inicia as obras, com previsão de entrega da fase 1 em 30 dias após inicio da obra.

“Em tempo, informamos que o hospital, já no contexto da rede de urgência e a pedido dos gestores municipais de saúde da região, opera atualmente com três leitos “vaga zero” na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Adulto, desde 16 de novembro de 2016, leitos estes que são regulados até então pela Central do SUS Fácil e que passarão a ser regulados pela Central de Urgências após implantação do SAMU, conforme determina a Política Estadual de Atenção às Urgências”.

Nesta quinta-feira (23) o vereador Dr. Delano (PMDB) pediu uma audiência pública para debater a implantação da Sala Vermelha. Ele e o vice-prefeito, Rinaldo Valério questionaram para onde os pacientes classificados como urgentes seriam levados. A reunião deverá ser ainda no início de março.

Reação

O diretor técnico do Samu e também da UPA, Marco Aurélio Lobão reagiu às declarações do vereador e vice-prefeito. Sem querer polemizar, ele explicou o funcionamento do serviço. Lobão descartou completamente as chances de aumentar a demanda de pacientes da UPA. Afirmou ainda que haverá um “alívio” para Divinópolis já que a rede conta com o suporte de outros 18 hospitais.

A estrutura do Samu é formada por um único hospital polivalente, no caso o São João de Deus, ainda sem Sala Vermelha, um hospital nível I para AVC, em Oliveira, outros cinco nível II, incluindo também o da cidade mencionada por último, cinco nível III e outros sete nível IV. A unidade de Divinópolis é a única capacitada para receber pacientes classificados como laranja e vermelho pelo protocolo de Manchester.

Lobão destacou que o Samu é “muito mais do que ambulâncias rodando”. A equipe faz um atendimento pré-hospitalar no local da cena, ou seja, onde o paciente está. De lá eles podem ser encaminhados para a UPA, postos de saúde, policlínicas e hospitais. A Central de Regulação regula, inclusive, as concessionárias que prestam atendimento médico na BR-381 e MG-050, por exemplo.

Todos os 18 hospitais já estão com as Salas Vermelhas funcionando. De acordo com a orientação do médico regulador, os pacientes são levados para uma dessas unidades, em casos de urgência, estabilizados e transferidos. A transferência pode ser para o hospital polivalente, no caso o São João de Deus, onde há as três “vagas zero” e até mesmo para Belo Horizonte com o suporte aéreo da capital e de Varginha.

“Temos níveis hospitalares que são diferentes e temos um único hospital que é polivalente. E pela composição da rede ele é mais que suficiente para uma população de 1,3 milhão habitantes”, explica.

O diretor técnico disse ainda que é necessário desmistificar de que a região orbita em torno de Divinópolis.

“Divinópolis é um município grande que compõe a rede e acolhe a central de regulação. Mas, o Samu como um todo é pensado na população de 1,3 milhão e não nos 230 mil de Divinópolis”.

Na Central de Regulação ficarão três médicos trabalhando 24 horas por dia. Essa equipe serve para orientar a equipe de Unidade de Saúde Básica (USB), que é uma ambulância básica, com um técnico de enfermagem e um condutor socorrista, e apoiar também as Unidades de Suporte Avançado (USA) que tem um médico, um enfermeiro e um condutor socorrista.

Superlotação

Lobão ainda esclareceu que a UPA já recebe pacientes de urgência e emergência dos 54 municípios apesar de ser porta de entrada para quatro, contando com Divinópolis. Ele nega que novos casos irão surgir contribuindo para a superlotação. Pelo contrário, o diretor técnico enfatizou que haverá uma reestruturação do sistema distribuindo esses casos nos 18 hospitais regulamentados.

“Temos hospitais dentro desta rede que estão com leitos ociosos. De onde irão surgir esses leitos? Exatamente de um poderoso sistema que se chama regulação médica. Por isso a gente insiste”.

“A gente passará a apropriar muito mais de uma visão macro da região e parar de pensar nesta visão, que é um absurdo, que a região orbita só em torno de Divinópolis […] O benefício para Divinópolis, eu arrisco a dizer, será mais positiva do que para outros hospitais da região. Tenho praticamente certeza que vamos conseguir transferir pacientes da nossa macro, e uma transferência responsável, com ambulâncias com condições de fazer”.

“Essa eficiência que o Samu promove no sistema é fundamental até para a gente repensar a condição da saúde da região”.

Hospital

Lobão admite que sem a Sala Vermelha do São João de Deus cria-se uma lacuna na estrutura do serviço. Entretanto, ele reforça que isso não interfere no funcionamento do sistema.

“É obvio que a presença do hospital São João de Deus é importantíssima na rede. A gente não quer colocar isso: “não precisamos do São João de Deus”, pelo contrário, precisamos muito. Mas precisa ficar claro que a rede é muito maior do que só o São João de Deus”, esclarece.

Sem querer direcionar afirmações para o vereador e vice, ele salientou que não se pode vincular a presença do Samu com pacientes novos.

“Quando a gente dá uma opinião equivocada, a gente põe em risco outra situação de uma organização maior que já é um passo em direção ao ideal. É aí que é o ponto crítico. As pessoas deveriam antes de opinar estudar mais tecnicamente sobre a situação” e concluiu: Temos uma estrutura rebusca e que deve ser utilizada para melhoria da saúde da região.

 

Errata: Matéria alterada às 13h55 do dia 01 de março com a informação de que o hospital tenta cumprir o cronograma para entregar a sala vermelha dentro da data prevista, 03 de abril. Na sexta-feira (24) informamos que o hospital não iria conseguir entregar a sala a tempo devido ao atraso na liberação do projeto.