Até a manhã de sexta-feira (26) 78% dos leitos de UTI's estavam ocupados (Foto: Divulgação)

Josafá Anderson acusou o hospital de “escolher pacientes” e afirmou que era preciso abrir a caixa preta; Unidade nega e classifica declarações como “ofensas”

O Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) irá acionar judicialmente o vereador de Divinópolis, Josafá Anderson (Cidadania) contra as declarações feitas por ele na semana passada. O parlamentar disse que era necessário “abrir a caixa preta” da unidade e a acusou de “selecionar pacientes”.

O hospital emitiu nota, nesta sexta (13), rebatendo as declarações do edil. Com relação especificamente às vagas destinadas ao Sistema Único de Saúde (Sus), o Hospital esclareceu “que a primeira ação assistencial adotada pela atual gestão  foi criar uma Central de Regulação Assistencial Interna para estabelecer fluxo de regulação com todas as Centrais de Regulação Assistencial, ou seja, regulações municipal, estadual e Samu.

Disse que a unidade “promove a regulação dos pacientes de acordo com a prioridade de atendimento estabelecida pelos médicos das Centrais de Regulação externas”. Negou qualquer interferência do CSSJD na escolha dos pacientes direcionados ao São João de Deus.

“É importante esclarecer que as Centrais de Regulação são parte do Sistema SUS-Fácil, que, na definição dada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, é o software de Regulação Assistencial cujo intuito é agilizar a troca de informações entre as unidades administrativas e executoras dos serviços de saúde de Minas Gerais, garantindo, assim, melhorias constantes no acesso e atendimento prestado à população”, informa em nota.

Ainda segundo a nota, “a atuação da Central de Regulação Assistencial Interna do Hospital São João de Deus se limita à organização diária da logística dos leitos disponíveis na Instituição”. Após confirmadas as altas médicas aos pacientes internados, os colaboradores das Centrais de Regulação Externas (municipal e estadual), são acionados via sistema Sus-Fácil, recebendo, assim, a relação de leitos disponíveis na unidade de saúde.

Quanto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Complexo trabalha em regime de portas abertas, sendo que, por se tratarem de urgências e emergências, são indistintamente acolhidos todos os pacientes que chegarem ao Hospital nestas condições.

“Desta forma, o Complexo de Saúde São João de Deus reitera o seu compromisso com a sociedade e reafirma, categoricamente, que não efetua qualquer tipo de escolha entre seus pacientes”, enfatiza.

A unidade esclareceu também que não possui governabilidade sobre as portas de entrada e não conhecimento de quem são os pacientes levados.

Na nota, a assessoria diz que o fluxo de admissões, internações e transferências no âmbito do Sus é regulado pelas normas e premissas próprias deste sistema, não sendo dado a qualquer hospital autonomia para “escolher” os casos que serão recebidos para tratamento.

“Desconhecimento”

A unidade ainda acusa o vereador de desconhecimento a respeito da saúde pública.

“E os mecanismos administrativos e legais inerentes ao seu funcionamento, produzindo e divulgando juízo de valor depreciativo com relação ao Complexo de Saúde São João de Deus, uma instituição séria e comprometida com a assistência da população de Divinópolis e outros 54 municípios da região”, completa.

“Vereador excedeu”

Tratando as declarações do vereador como “ofensas” e dizendo que elas “excederam em muito o simples direito à liberdade de expressão e o exercício regular da atividade parlamentar”, o Hospital informou que adotará de imediato as medidas judiciais cabíveis em face do referido vereador, inclusive no âmbito criminal.

“Por fim, o Complexo de Saúde São João de Deus se coloca à disposição tanto da sociedade quanto dos demais integrantes da Câmara Municipal que se disponham a visitar as dependências do Hospital, onde poderão acompanhar os processos de admissão, internação e transferência dos pacientes, bem como entrevistar os internos que se dispuserem a fazê-lo, podendo, ainda, conversar com os reguladores externos de modo a constatar a absoluta falsidade das declarações irresponsavelmente realizadas pelo vereador Josafá Anderson”, finaliza.

O vereador

O vereador disse ao PORTAL GERAIS, nesta sexta (13), que as denúncias partiram de um ex-membro do Conselho Curador. Disse que ele apresentou irregularidades “em especial sobre as questões de pacientes”. Afirmou que aguarda o secretário municipal de Saúde, Amarildo de Sousa retornar da licença para agendar uma reunião. 

“É minha obrigação fazer isso enquanto membro da Comissão de Saúde. Eu que tenho que mover ação contra eles e não eles contra mim. Eles que não citados na denúncia. Está havendo uma inversão de valores”, declarou.