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A crise do Hospital São João de Deus (HSJD), com o risco de paralisação de serviços, forçou a superintendência a organizar às pressas um raio-X da gestão. Nos próximos dias, uma coletiva de imprensa deverá ser realizada, para apresentar um balanço e esclarecer como anda a situação. O clima nos últimos dias ficou mais tenso a partir de novas ameaças de suspensão de atendimento por parte dos médicos.

Em entrevista exclusiva ao PORTAL, o promotor Sérgio Gildin antecipou que as instabilidades são as mesmas desde o primeiro dia da intervenção por meio do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Voltou a reafirmar que o risco de fechamento sempre existiu e que o trabalho feito é para manter o funcionamento, principalmente sem desassistência ao SUS.

Nos últimos dias, os médicos voltaram a ameaçar a paralisarem os atendimentos. De acordo com Gildin, todos os meses um terço dos honorários médicos não são quitados por falta de recurso. Para colocar as contas com os profissionais em dia, seria necessário o pagamento das dívidas acumuladas do município, estado e união com o hospital. Entretanto, ela já perdura há meses.

A assessoria de comunicação do HSJD disse que deverá detalhar os débitos apenas na coletiva da próxima semana. Segundo Gildin, este montante já soma R$ 10 milhões.

Médicos ameaçam a parar atendimento (Foto: Divulgação)

Médicos ameaçam a parar atendimento (Foto: Divulgação)

Posições

Levando em consideração o último balanço divulgado pelo hospital, em audiência pública, o governo federal devia ao São João de Deus R$ 3,7 milhões do incentivo a contratualização, o IAC. Já o município outros R$ 3 milhões referente à Unidade II, que funcionou durante um período no antigo prédio do Pronto-Socorro.

Nesta sexta-feira (08), a Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) disse que estão alinhando os números junto ao hospital e que por isso, por enquanto, não irá se manifestar. Até o ano passado, o município se esquivava da responsabilidade a atribuindo ao Estado que por sua vez dizia ser do gestor pleno, no caso Divinópolis.

A reportagem tentou contato com o Ministério da Saúde, mas não conseguiu nenhum retorno.

Sobre o débito do Estado, a Secretaria de Estado de Saúde (Ses) negou. De acordo com a nota encaminhada, “o hospital recebe recursos do Estado referente a dois Programas, Pro-Hosp e Rede Resposta – Urgência e Emergência”.

“Referente ao Pro-Hosp Incentivo, o valor total que o Hospital recebeu na competência 2015 foi de R$ 2.304.237,45. Referente ao programa Rede Resposta, que repassa incentivo financeiro complementar de custeio das equipes de Urgência e Emergência dos Hospitais que compõem a Rede de Resposta Hospitalar as Urgências e Emergências, o São João de Deus recebeu em 2015 R$ 400.000,00 mensais”, consta.

Mais uma vez a assessoria mencionou os R$ 17 milhões autorizados no final do ano passado para abertura de 20 leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI). Até o momento apenas cinco estão em funcionamento. Ao ser questionado se já houve repasse proporcional para custeio destes leitos, a Ses não respondeu.