Afirmação causa alvoroço e governo rebate o denominado de “desinformado” e dizendo que postura não condiz com a de um militar
“Pacote de maldades”. A afirmação do vereador de Divinópolis, Sargento Elton (Patriota) causou alvoroço no alto da Avenida Paraná. Um dia depois da declaração – ao se referir aos projetos que aumentam o Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU) e os salários de servidores da Empresa Municipal de Obras Públicas.
A principal pauta do vereador foi sobre o IPTU e o georreferenciamento que será feito por meio de decreto. Ele afirmou que a medida irá acarretar em ônus para a população, apesar de reconhecer que algumas correções devem ser feitas.
“Algumas irregularidades precisam ser corrigidas? Sim, mas no devido prazo legal e de acordo com a justiça, não assim a Deus dará […] Sou a favor do IPTU progressivo, aquele que tem mais, paga mais. Aquele que tem menos, paga menos. Aqui, irão colocar todo mundo em um bolo só e todo mundo vai ter que se espernear”, declarou Sargento Élton.
O vereador clamou aos munícipes que não reclamem dos problemas relacionados ao assunto com os vereadores e sim com o Executivo, pois segundo o parlamentar, os edis não possuem culpa. Para argumentar citou os projetos derrubados no final do ano passado que previam o aumento do imposto.
“Não temos culpa de uma má gestão, que não quer cortar na própria carne, não quer diminuir o número de cargos comissionados, não quer diminuir o número de secretarias, não quer entender a crise financeira que estamos passando no país, vendo a população morrendo na UPA, não está dando conta de tapar um buraco na cidade (…) Vai acabar com os divinopolitanos que não aguentam mais pagar impostos”, disparou.
As afirmações renderam uma nota oficial rebatendo-as por parte da prefeitura. Nela, o governo diz que as afirmações não condizem com o papel de “um militar”.
Afirmou que “para se estabelecer o bem comum e a justiça social são necessárias medidas muitas das vezes consideradas impopulares. Mas são nestes momentos é que se forjam os líderes”.
Ainda segundo a nota, “ao associar georreferenciamento a aumento de IPTU, o vereador tenta induzir a uma situação politiqueira ou mostra desconhecimento das questões públicas”.
“Ora, seria o mesmo que, na linguagem policial, tentar imputar a um agente de segurança, de forma oficial as acusações sem a devida comprovação”.
Leia na íntegra:
“A democracia tem necessidade de justiça.
Edgar Quinet
O artigo terceiro, inciso primeiro, da Lei nº 14.310, que dispõe sobre o Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais estabelece que é dever do militar incentivar e manter a harmonia, a solidariedade e a amizade em seu ambiente social, familiar e profissional. Partindo desse princípio e diante das argumentações infundadas apresentadas pelo edil Sargento Elton, na reunião da Câmara Municipal de Divinópolis do dia 16 de outubro de 2018, faz-se necessários alguns esclarecimentos, uma vez que não condiz com o princípio da gloriosa corporação, base da formação do agora vereador, a irresponsabilidade nas palavras ou mesmo a tentativa de indução da opinião pública.
Dito isso, é preciso esclarecer que ao se referir às obrigações do gestor público como sendo um pacote de maldades, o nobre vereador, talvez por falta de experiência em um cargo executivo, ainda não saiba que para se estabelecer o bem comum e a justiça social são necessárias medidas muitas das vezes consideradas impopulares. Mas são nestes momentos é que se forjam os líderes.
Como, na condição de policial, não se pode temer os criminosos, o gestor também não pode temer a responsabilidade de suas ações. Ao associar georreferenciamento a aumento de IPTU, o vereador tenta induzir a uma situação politiqueira ou mostra desconhecimento das questões públicas. Ora, seria o mesmo que, na linguagem policial, tentar imputar a um agente de segurança, de forma oficial as acusações sem a devida comprovação.
Georreferenciamento é maior que isso, inclusive beneficiando a segurança pública. Mas não cabe aqui detalhar toda utilidade, bastando a quem se interessar pelo assunto buscar o setor competente da Prefeitura, principalmente quem anseia se tornar ocupante de um cargo eletivo e que, por obrigação, tem que ser conhecedor do tema.
Sobre as críticas ao Poder Executivo local em decorrência da forte chuva que assolou Divinópolis neste ano, antes de buscar culpar alguém, o vereador deveria se solidarizar com todos os atingidos. E, se mesmo assim quiser culpar alguém, que o faça de forma, no mínimo, lógica e justa. Até mesmo porque ao anunciar inverdades o vereador lança mão de fatos improcedentes.
Como se tivesse uma bola de cristal, tenta adivinhar que o Prefeito teria visitado o camelódromo na manhã seguinte aos estragos provocados pela chuva. Se não bastasse a mentira de tal afirmação, o vereador novamente tenta usar de informações inverídicas para lançar seu rancor contra o prefeito e tentar induzir a população ao erro.
Sobre a questão da Emop, estranha o fato de o vereador falar da empresa como se falasse da Prefeitura. Novamente o vereador mostra desconhecimento da questão pública, atendo-se somente aos confetes. Não vamos cobrar aqui que o vereador não tenha aprendido nestes dois anos de mandatos como se dá a constituição de uma empresa pública ou uma organização social, instrumentos legais amplamente usados hoje. Porém, ao misturar a questão da Emop com o concurso público realizado pelo Município deixa em dúvida a capacidade de acompanhamento de uma máquina tão complexa como a gestão pública. O concurso proposto para a Emop, que cobre função não existente mais no organograma da Prefeitura, ainda não aconteceu, dependendo ainda de aprovação da própria Câmara.
Por fim, a Administração Municipal espera apenas que estas colocações sirvam como reflexão para o nobre edil e possa pautar suas colocações futuras. Todas as vezes que estas encontrarem eco no interesse do bem comum, mas com ressonância na verdade e na legalidade, terão o amparo desta Administração.
Finalmente, pelo que foi expressado, o nobre Vereador mostrou-se totalmente desinformado sobre as questões por ele abordadas. O exercício do cargo eletivo nos impõe desafios. Mas a nossa condição primeira de homens também os impõe.”