Embora eu também seja a favor de menor tributação ao contribuinte, com um Estado eficiente e sem burocracia, é preciso entender que há taxas e contribuições que só quando se precisa delas é que se vê a importância
Minas Gerais inteira ficou abalada pelo grave acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, que deixou 41 mortos e vários feridos. Isso acende um alerta para os feriados prolongados que se aproximam, em razão do grande fluxo de veículos por todo o estado.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT), os radares próximos ao trecho onde ocorreu o acidente estão desativados há meses, em razão do fim do contrato com a prestadora. O órgão ressalta que há processo em andamento para contratação de nova empresa. Isso nos faz pensar na burocracia e falta de compromisso do poder público com a qualidade e segurança das nossas rodovias, algo ligado diretamente à proteção da vida.
Para quem pensa na política séria e sensata, como eu, uma das maiores preocupações é o amparo às famílias das vítimas. Nessa hora, eu penso se essas famílias terão condições de arcar com os custos dos funerais, se as vítimas possuíam dependentes… Tudo isso é importante para não sobrecarregar quem já enfrenta um luto inesperado e trágico.
Já na política pautada pela picaretagem, há em Minas Gerais e no Brasil, quem defenda o fim do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT) apenas por pregar que o Estado deve arrecadar o mínimo possível. Esse seguro era cobrado junto com o IPVA e a taxa de licenciamento, tendo a finalidade de amparar as pessoas por danos causados por veículos automotores terrestres e suas cargas a motoristas ou pedestres.
Essa taxa foi extinta em 2019 e estava em votação para ser recriada em 2024. Advinhe quem foi contra? É o vergonhoso caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do senador mineiro Cleitinho Azevedo (Republicanos). Pouco assistimos a esses parlamentares cobrando nas rodovias a devida sinalização, iluminação, manutenção e instalação de radares e câmeras de monitoramento. Quando as rodovias são estaduais, comandadas pelo seu aliado governador, tal como em Divinópolis, parece que tudo está às mil maravilhas.
Embora eu também seja a favor de menor tributação ao contribuinte, com um Estado eficiente e sem burocracia, é preciso entender que há taxas e contribuições que só quando se precisa delas é que se vê a importância. Tal qual é a previdência, mas não entrarei nesse mérito. Por isso, o debate público tem que ser feito pensando no povo, nos que mais precisam, e não em vídeos vazios que viralizam.
Além do mais, Minas é considerado um dos estados com as rodovias mais violentas do país. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), entre novembro de 2022 e outubro de 2023, 712 mortes foram registradas nas rodovias do estado, o que corresponde a 12% do índice nacional. Na nossa região, por exemplo, mesmo tendo vários deputados e um senador, vemos a dificuldade para se duplicar a MG-050 e a BR-494.
E o que torno a repetir: saiamos das discussões vazias e dos likes de engajamento para a conversa e articulação sérias.
*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.