Amanda Quintiliano
O repasse de medicamentos para os pacientes que fazem tratamento de diálise foram suspensos pela empresa Baxter Hospitalar. A carta comunicando foi encaminhada na última sexta-feira (17) para cada um dos pacientes. No documento eles alegam que a medida foi tomada por falta de pagamento. O Hospital São João de Deus já somaria seis meses de inadimplência, R$ 1,2 milhão em valores vencidos desde julho do ano passado.
Na carta assinada pela gerente de crédito e negócio, Carmem Ronda Quintal e pelo diretor da unidade de negociações, Haig Vreij Yeghiaian eles alegam ainda que teriam tentado negociar com o hospital, entretanto sem sucesso. A suspensão dos kits de diálise foi baseada em decisão judicial. Com o encerramento das negociações a empresa buscou a intervenção judicial e teve o deferimento do juiz Aurelino Rocha Barbosa da 4ª Vara Civil da comarca de Divinópolis. Com a medida, 73 pessoas correm o risco de terem o tratamento suspenso.
A assessoria de comunicação da empresa informou que o Hospital foi comunicado da possibilidade de suspensão do fornecimento dos kits em dezembro do ano passado. Mesmo assim, nenhuma solução foi sinalizada, segundo a assessoria. O Ministério da Saúde foi notificado desta situação e da impossibilidade de continuar o fornecimento sem correspondente pagamento, bem como a Federação das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Farba).
Também já estavam cientes da situação a Secretaria de Saúde de Divinópolis e do Estado, o DENASUS, a Ouvidoria Geral do Ministério da Saúde e a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. Conforme informou a assessoria, a cobrança do tratamento de CAPD é regulamentada pela Portaria n.º 3.998/98, de acordo com a qual a obrigação de pagamento é dos hospitais e clínicas conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), que recebem a verba.
Hospital
O diretor-técnico do setor de nefrologia do Hospital São João de Deus, Dr. Edson Vasconcelos disse que os pacientes irão encaminhar uma carta à direção do hospital pedindo explicações e solicitando medidas. Segundo ele, haverá uma reunião ainda hoje com a superintendência para saber qual atitude será tomada para que não haja prejuízos aos pacientes.
Dr. Edson ainda explicou que não há como os pacientes fazerem o tratamento particular. Os medicamentos não são vendidos em farmácias e são custeados pelo SUS. “Alguma providência terá que ser tomada e deverá ser. Os pacientes dependem desse tratamento para viver, sem esse tratamento eles não têm chance nenhuma de viver”, explicou.
Em contato com o Ministério Público, o promotor Sérgio Gildin que vem acompanhando a crise do Hospital, disse que neste momento não se pronunciará sobre o assunto.
De acordo com a assessoria de comunicação do São João de Deus, o diretor da Dictum – interventora do hospital – Ariston de Oliveira Silva entrou em contato com a empresa e renegociou a dívida. Ainda segundo a assessoria, não haverá interrupção do repasse dos kits para os pacientes.