Poliany Mota
Completado um mês de funcionamento, o SIM-Saúde (Sistema Integrado Municipal de Saúde) apresenta balanços positivos, de acordo com o prefeito Vladimir Azevedo e o Secretário de Saúde David Maia. Apesar de todas as especulações e questionamentos sobre o novo modelo, principalmente em relação à mudança de endereço da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Vladimir diz que o investimento nas unidades especiais de atendimento tirou a sobrecarga da UPA e garantiu um melhor funcionamento.
“A abertura da UPA se dá com todo o sucesso, com atendimentos até recordes, em número de volume por dia. As unidades especiais de saúde, que são uma grande inovação desse sistema, atendendo em quatro pontos estratégicos da cidade, receberam cerca de três mil pacientes durante esse mês. Esses pacientes foram examinados mais próximos de suas casas, evitando um tumulto no atendimento ambulatorial”, explicou o prefeito.
Em entrevista coletiva, nesta segunda-feira (05), na unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Santo Antônio dos Campos, Ermida, Vladimir falou das dificuldades enfrentas por causa da epidemia de dengue na cidade e anunciou os próximos planos do SIM-Saúde, inclusive o cadastramento dos moradores, que será realizado por uma equipe formada por médico, enfermeiro, técnico em enfermagem e um agente comunitário de saúde.
“Tem muita coisa que precisa ser regulamentada, melhor entendida tanto pelos trabalhadores quanto pelos usuários. Isso nós estamos aprimorando, faz parte do processo do dia a dia […] Já começa hoje o cadastramento dos moradores. Aqui [ESF de Ermida] funcionarão também pequenos pilotos até às 19h e também será uma unidade especial. Ainda este mês vamos às comunidades de Campina Verde, Planalto e Nossa Senhora das Graças, começando com essa grande conversão, queremos dobrar a cobertura do PSF [Programa Saúde da Família] e da atenção primária dentro deste ano de 2014”, comentou.
Os frequentadores do ESF de Ermida se dizem satisfeitos com a mudança. A senhora Maria das Graças Silva, de 61 anos, que costuma ir até a unidade por ser diabética diz que a mudança no sistema foi bastante positiva para a comunidade.
“O atendimento está bom demais! Chegou outro médico de Cuba, eu consultei com ele e achei melhor do que os outros. Ele é uma gracinha, dá muita atenção para a gente, pede exame. Como sou diabética, tenho que ser mais cuidada. Acho que está ótimo o atendimento, foi uma excelente idéia do prefeito e da secretaria de saúde para nós. A única coisa que não concordei foi a UPA ir para o Ponte Funda, ficou longe demais. Mas, agora que eles mudaram o posto daqui de Ermida a gente vem para cá, confia nos médicos, toma os remédios direitinho, apreende a controlar e dá tudo certo”, contou.
Contestação
O plantonista da UPA, Dr. Alberto Gigante Quadros afirma que os primeiros trinta dias do SIM-Saúde não mostraram um desempenho melhor no atendimento à população, por causa da falta de estrutura do Hospital São João de Deus. Segundo ele, o acordo era que a instituição passasse a receber os pacientes graves e as internações solicitadas pelo novo Pronto Atendimento, para que não ocorresse a lotação do Pronto Atendimento, prejudicando os pacientes. “A UPA Ponte Funda está continuamente lotada, com pacientes tomando soro e passando noites em cadeiras, pois não existe leito ou maca para todos”, declarou.
O médico disse também que chegou a alertar a administração sobre a necessidade de reestruturação do hospital. “Alertamos na audiência pública que o comportamento do HSJD era determinante no sucesso do SIM-Saúde, mas não levaram a sério nossa preocupação. O Hospital fugiu a todas as suas responsabilidades e a situação tende a ficar pior do que antes, caso o município, o estado e o ministério público não cobrem o prometido”.
Dr. Alberto Gigante comentou ainda sobre o transtorno que os usuários têm sofrido com o atraso na entrega dos resultados de exames realizados na unidade. “Tudo piorou no momento que o atual gestor transferiu o serviço para o laboratório do Hospital São João de Deus. Os resultados demoram mais de 12 horas para serem entregues, sempre transferindo a sua conferência para o próximo plantão. Com isto os pacientes esperam muito tempo, têm que ser examinados pelo próximo plantonista”, concluiu.