O dia amanheceu agitado para sindicalistas que integram o Movimento Sindical Unificado de Divinópolis contra a reforma da Previdência. Desde o início da manhã desta quinta-feira (09) eles se revezam no quarteirão fechado da Rua São Paulo na esquina com Avenida 1º de Junho alertando pedestres e pessoas que se encontram no local sobre os efeitos nocivos que a reforma da Previdência causará a todos os trabalhadores.
Os sindicalistas também entregam convites para a Audiência Pública idealizada pelo Movimento
Sindical, que reúne 12 dos maiores sindicatos de Divinópolis e região. A audiência está marcada para esta quinta-feira, às 19h, no plenário da Câmara Municipal.
A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), Ivanete Ferreira, que representa o órgão na atividade da Rua São Paulo, afirma que é muito boa a expectativa para a audiência.
“Estamos trabalhando muito para que as pessoas tenham conhecimento de que hoje em Divinópolis ocorrerá um importante debate sobre a reforma da Previdência e é muito importante a participação do trabalhador, já que se a reforma for aprovada conforme quer o governo, as perdas serão irreparáveis”, afirmou.
“A audiência de hoje tem como objetivo buscar apoio dos deputados federais contra a reforma e esclarecer ao cidadão o tamanho da perda caso a proposta seja aprovada pelo Congresso”, concluiu.
Brasília
Enquanto isso em Brasília, a reforma começa a ser criticada até por parlamentares da base do governo. Deputadas e senadoras de diferentes partidos criticaram a reforma da Previdência (PEC 287/16), durante sessão solene do Congresso Nacional em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, que ocorreu nesta quarta-feira (08) no Plenário do Senado.
A deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ) foi uma das que criticaram a reforma da Previdência, por “penalizar mais as mulheres do que os homens”. Ela salientou a diferença salarial, durante a vida laboral, entre trabalhadores e trabalhadoras.
Única mulher titular na comissão especial da reforma da Previdência, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também acredita que as mulheres serão as maiores prejudicadas pela reforma, que iguala em 65 anos a idade prevista para aposentadoria para os dois sexos. Ela apontou o risco de retrocesso nos direitos das mulheres no governo Michel Temer, criticando ainda a retirada, pelo governo, do status de ministério da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
A deputada Gorete Pereira (PR-CE), que presidiu a comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, também criticou o fim da diferenciação de idade para a aposentadoria previsto na PEC da Reforma da Previdência.
“Nós sabemos que as mulheres trabalham sete horas a mais do que os homens por semana, porque
todas as mulheres têm os dois turnos de trabalho e ainda têm a terceira jornada de trabalho, principalmente quando elas são pai e mãe nas madrugadas”, afirmou.
Ela destacou que 41% das mulheres são chefes de família sem o apoio de uma figura masculina. Esse percentual, segundo ela, será prejudicado sobremaneira com as novas regras da PEC.
Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), tanto a reforma previdenciária quanto a trabalhista são cruéis com as mulheres.
“Mulheres negras ganham 40% menos do que os homens brancos”, citou.
Ela destacou o fato de a PEC da reforma da Previdência acabar com a aposentadoria especial para as professoras. Além disso, apontou componentes machistas no impeachment de Dilma Rousseff. “Até agora nenhum homem provou que esta mulher é uma delinquente e que cometeu algum ilícito”, disse.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) afirmou que a luta contra a reforma da Previdência é a principal bandeira das mulheres brasileiras neste momento. Ela citou relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo o qual as mulheres trabalham sete horas e meia a mais por semana do que os homens, devido à dupla jornada – que inclui trabalhos domésticos.
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirmou que não votará a favor da igualdade de idade para aposentadoria entre homens e mulheres, prevista na reforma. Segundo ela, não pode ser desprezado o trabalho extra que as mulheres fazem em casa e a diferença de remuneração.
“Enquanto houver diferenças, temos que ter diferenças no tratamento”, ressaltou.