Poliany Mota
O Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro) está cobrando uma investigação minuciosa sobre a morte de um trabalhador de uma empresa que presta serviços para a Cemig. Segundo o Coordenador da Regional Oeste, Celso Marcos Primo, o caso instigou a família e os colegas do trabalhador, que foi encontrado morto dentro de uma mata, em Carmo da Mata, nessa quarta-feira (11).
Vilmar Nogueira Lino, de 38 anos, desapareceu na segunda-feira (09), enquanto trabalhava na mesma mata em que foi encontrado. O grupo de seis pessoas realizava a chamada “limpeza de faixa”, feita em locais onde passam cabos de eletricidade da Cemig. Segundo relatos dos colegas de Vilmar, por volta das 10h ele informou ao chefe da equipe que estava passando mal e pediu para parar de trabalhar. Seu superior então, disse a ele que esperasse no veículo e quando o grupo voltou para o carro Vilmar não estava lá.
O veículo voltou para a cidade e o trabalhador também não foi localizado por lá. Somente na terça-feira (10) que a polícia e a família foram informadas sobre o desaparecimento de Vilmar. Segundo um dos irmãos da vítima, que preferiu não se identificar, havia pouco tempo que ele trabalhava nessa empresa e houve negligência dela com o operário. Ele afirmou que existe divergência entre o tempo de permanência na mata informado pela empresa e o dos trabalhadores.
“Houve negligência por parte da empresa de socorro e de busca. Ao ser informado por ele que estava passando mal, o chefe deveria ter o acompanhado, ter voltado imediatamente para a cidade e o levado para o hospital. Em vez disso, disse a ele que esperasse na Kombi e ainda pediu que levasse uma garrafa térmica de água. O encarregado diz que a equipe voltou às 10h30 para o carro, porém, os outros trabalhadores disseram que só retornaram após terminar o serviço, por volta 11h45 à 12h. Mesmo que estivesse no carro, meu irmão teria que esperar esse tempo todo para ser socorrido”, contou.
Sobre o sumiço de Vilmar, seu o irmão disse que foi tratado com descaso pela empresa, que não se preocupou em realizar buscas pelo local, quando perceberam que trabalhador não estava no carro e só comunicaram a família às 9h do dia seguinte ao desaparecimento.
“Meu irmão estava a aproximadamente a 250 metros de onde eles estavam trabalhando. Como ninguém o encontrou? No percurso do local do serviço até a Kombi era um trecho de mata, e havia duas saídas, uma a direita, que era o caminho para o carro, e outra a esquerda, que dá acesso ao lugar onde o corpo dele foi encontrado. Eu acredito que, como ele estava passando muito mal, perdeu o senso de direção e simplesmente caiu por ali”, afirmou.
O coordenador do Sindieletro disse que o serviço é pesado e, embora não seja realizado pela Cemig, também é responsabilidade dela averiguar as condições de trabalho dos operários. “Essa morte está cercada de mistérios. Estamos cobrando uma apuração detalhada. Os próprios companheiros de Vilmar estão intrigados com o caso”, disse Celso Primo.
A reportagem tentou contato com a empresa e com a Cemig, mas até o fechamento desta matéria ninguém foi encontrado.