Os ataques do vereador Hilton de Aguiar (PMDB) contra o médico da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, Alberto Gigante levaram o Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) a provocar a Comissão de Ética da Câmara Municipal. Uma representação com a defesa de Gigante foi protocolada nesta terça-feira (23) na Câmara.
O embate entre o parlamentar e o médico já dura há mais de dois meses. Começou em abril quando Hilton esteve na UPA e o local estava superlotado. Segundo ele, Dr. Gigante estaria fazendo corpo mole e assistindo a um filme ao invés de atender os pacientes. De lá pra cá vários ataques foram feitos. O vereador chegou a classificar o médico concursado como “covarde, preguiçoso, câncer, sacana”.
Na defesa apresentada pelo sindicato, eles alegam a idoneidade do médico. Disse que Dr. Gigante, além de diretor do Sintram, é um servidor de carreira há 35 anos. Afirmou que as afirmações de Hilton atingem não só o profissional, mas toda a diretoria do sindicado. Isso porque em uma das falas o parlamentar disse que o médico “se esconde atrás do Sintram”.
“Aqui nenhum diretor se esconde atrás do Sintram. Ninguém usa o Sindicato em benefício próprio. É uma instituição séria”, afirmou a presidente, Luciana Santos.
Em um dos documentos protocolados na Câmara, o Sindicato considerou as afirmações de Hilton “impróprias, maliciosas, dolosas e injustas, vez que não correspondem à verdade”. Na defesa, o Sintram ainda nega que o médico tenha se recusado a atender os pacientes ou feito “corpo mole”. No dia do ocorrido, 15 de abril, Dr. Gigante se ausentou no período da manhã.
A ausência, segundo a defesa, foi devido a um compromisso no Ministério do Trabalho (MT). Como houve a rescisão do contrato da Universidade de Itaúna com a unidade, todos os profissionais precisaram ir ao MT. A versão de Gigante é comprovada pelo documento preenchido no local. Ele também chegou a encaminhar, no dia 13 de abril um e-mail solicitando ao diretor da UPA, Marco Aurélio Lobão que providenciassem um plantonista substituto.
Com essas alegações, o Sindicato pede que o vereador informe os critérios adotados para qualificar o plantonista como “péssimo médico”. Pede ainda que ele apresente provas que justifiquem as dezenas de adjetivos pejorativos dirigidos contra o servidor. Solicita ainda que a Comissão de Ética seja acionada e que um processo disciplinar seja instaurado. Para o Sintram houve decoro parlamentar.
Outro lado
Hilton disse que irá “continuar falando, pois sou pago para isso”. Ele voltou a reafirmar a ausência do médico e disse que essa situação foi flagrada por ele. Ressaltou ainda não ter nada pessoal contra ele, apenas profissional.
“Não tenho medo de representação pois sei que estou ganhando força, pois os vereadores sabem que estou aqui trabalhando sério”, afirmou.
Sobre as justificativas apresentadas pela defesa, em contato telefônico com o diretor da UPA, ele disse que não foram repassadas à imprensa, pelo sindicato, todas as conversas via e-mail. Lobão contou que em uma das respostas não teria autorizado a ausência do médico e que teria proposto para ele ir ao Ministério do Trabalho na terça-feira, ao invés da quarta.
“Mas ele não aceitou trocar, pois deixaria de atender no consultório particular dele”, contou.
Agora caberá ao presidente da Câmara decidir se irá ou não acionar a Comissão de Ética e instaurar um processo disciplinar. Kaboja ainda não teve acesso ao documento.