Marcelo Lopes
O superintendente de operação centro e oeste da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), João Martins de Rezende, prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (15) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga a companhia, no que se diz ao cumprimento de responsabilidades legais ao município.
Em reunião realizada no plenário da Câmara de Vereadores e que durou mais de três horas, o representante, que trabalha na empresa há 29 anos, não se omitiu das perguntas feitas pela comissão, onde foram postos em questão assuntos relacionados a obras, contratos, abastecimento e manutenção do tratamento de água e esgoto na cidade e também se esclareceu em relação aos depoimentos anteriores.
Sobre as ocorrências de reclamações da chegada de água impura aos moradores, João argumentou que apesar da coloração, o líquido estava potável e próprio para o consumo. O mesmo diz que foram feitas constantes verificações para analisar o estado e qualidade da água nos abastecimentos. Em reclamações gerais, o superintendente se posicionou e se disse ciente das mesmas, onde boa parte delas vieram da ouvidoria da Copasa. De toda a água da cidade, 100% dela é tratada, segundo o interrogado.
Foi falado também de um reservatório, o R1, que atualmente não se encontra em funcionamento. Em resposta, João diz que o reservatório não afetou o abastecimento na cidade e o mesmo está em manutenção e a previsão para voltar a funcionar é para 2018.
No que se diz a respeito do transborde de esgoto localizado no bairro Lagoa dos Mandarins neste ano, o posicionamento foi de que a fossa não tem a finalidade de tratamento e a mesma se encontra desativada. Também foi dito que há uma passagem de caminhões que recolhem os resíduos da fossa, essa sendo realizado pela Prefeitura. Esteve ciente de reclamações e fez melhorias com veículos com a identificação do município, pois na cidade, já houve situações onde o serviço foi realizado por caminhões clandestinos.
O assunto em maior discussão na ocasião foi a interrupção do abastecimento em Divinópolis durante o mês de setembro, causado, segundo João, por um defeito em uma bomba na bacia do Rio Itapecerica. A dificuldade, de acordo com o interrogado, foi a reposição das peças danificadas, pois a marca responsável pela fabricação do aparelho bombeador não se encontra mais no mercado.
Uma outra bomba foi trazida de Belo Horizonte para a estação para a manutenção ser concluída. Cerca de cinco caminhões-pipa foram encaminhados aos bairros durante a falta d’água. Foi dito que em algumas regiões, principalmente as mais altas da cidade e mais afetadas, houve uma demora de três dias para o reabastecimento desde então e que normalmente, o mesmo demoraria entre oito e vinte e quatro horas.
“Hoje fizemos mais de aproximadamente cem perguntas e três horas de depoimento, justamente para esclarecer tudo o que aconteceu no histórico da Copasa em Divinópolis, bem como prestadora de serviços […] Para nós foi importante, pois vamos fazer a análise de todas as suas respostas e com os outros que ouvimos, inclusive os órgãos ambientais, que foram mais incisivos no cumprimento da prestadora de serviços”, diz o vereador Sargento Elton (PEN), presidente da Comissão.
“Essa foi a última oitiva do ano. Agora falta o restante da documentação da Copasa, que está faltando e a Prefeitura infelizmente mal gerida. Pedimos documentos a eles e não souberam onde estão e pediram até a empresa para reenviar os documentos para a gente. É um absurdo chegar em 2017, quase 2018 e não ter documento, arquivo, não ter nada. Fico de queixo caído”, completa.
João entende que o depoimento contribuiu para o andamento das investigações e avalia também sobre as outras duas oitivas que foram realizadas nessa semana.
“Acredito que é importante para a população e a Copasa que tenham sido feitos esses esclarecimentos. A gente espera que desse processo nós teremos a elaboração do relatório, que explicará à população sobre várias questões levantadas até aqui e entendemos que isso é positivo.”
Sobre a falta de licenciamento ambiental desde 2014, o superintendente diz: “A Copasa tinha o licenciamento da ETA (Estação de Tratamento de Água) e em decorrência de uma condicionante do mesmo, no ato da revalidação desta licença ela foi revogada. Nesse momento estamos em um processo de formalização de um ofício com um órgão ambiental, que é uma das primeiras ações que vai regularizar essa situação. Também estamos trabalhando para que já tenhamos condições de estar cumprindo a condicionante que outrora não cumprimos para não ter qualquer dificuldade em relação ao cumprimento deste ofício com o órgão ambiental”.
Foi a quinta oitiva realizada desde outubro, onde já foram ouvidos órgãos ambientais, a Associação de Advogados do Centro Oeste e moradores, o ex-prefeito Vladimir Azevedo, e membros da atual administração do município. A comissão tem até 12 janeiro de 2018 (120 dias, a contar da sua instalação, em 14 de setembro), para entregar os trabalhos.
No próximo ano deverão ser ouvidos os ex-procuradores do município. Por uma tempo foi Kelsen Rios e também Rogério Farnese.