Denúncia apontou eventual favorecimento; Irmão de secretária seria subcontratado de forma irregular
Em Itapecerica, um inquérito foi instaurado para apurar um suposto esquema de corrupção na prefeitura da cidade. O inquérito foi acionado pela Promotoria de Justiça da Comarca de Itapecerica. A denúncia anônima foi registrada na ouvidora do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
A investigação é de uma suposta subcontratação da empresa André Luiz Toledo Mezêncio DJ pela empresa Alexsom – Palco Som Luz Ltda., que foi a ganhadora do processo licitatório para prestação de serviços em eventos do município.
André Toledo é irmão da atual Secretária de Cultura, Turismo e Esportes, Simone Toledo Mezêncio.
O pagamento a prestadores de serviços de eventos públicos por meio recursos oriundos de conta bancária pessoal do irmão também é apurado pelo Ministério Público.
O esquema
Conforme a denúncia, André Toledo sempre participa dos eventos realizados pela atual administração por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes. Porém, ele nunca participou de processo licitatório.
A denúncia conta que ele “sempre executou seus serviços à municipalidade, mediante contratação direta e subcontratação”.
Em 2017, André foi contratado com dispensa de licitação de processo administrativo do ano. Na época, o município estava no primeiro mandatado do prefeito Wirley Reis, o Têko.
Este ano, foi realizado o processo licitatório, sob a modalidade “pregão”, para locação de bens móveis e também para prestação de serviços de segurança desarmada, de brigadista, bem como de limpeza para atender a demanda do Carnaval.
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A empresa vencedora foi “Alexsom Palco Som e Luz Ltda.”, com um valor de R$103 mil. Na ata de registro de preços ainda consta o nome da secretária como “fiscal” da execução e controle do contrato.
Embora o edital licitatório veda-se a prática, André Toledo foi subcontratado pela Alexsom. Segundo a denúncia, André também contratava terceiros e efetuava o pagamento por meio de conta pessoal.
Em um comprovante, ele realizou transferência de R$1,4 mil para uma terceira pessoa. Entretanto, segundo a deúncia, o valor pago por objeto licitado para prestação de serviço à municiplidade deve sair diretamente da conta do ente público contratante e não de particulares.
Existem suspeitas que no Festival Gastronômico de 2022, a prática já teria ocorrido. Em que o dinheiro, equivalente a um total de R$2,5 mil, de pagamento de terceiros saiu da conta pessoal da Secretária Municipal de Cultura em 16 de junho de 2022.
Condução do caso
O edital que resultou na contratação da empresa Alexsom vedava a subcontratação total ou parcial do objeto contratado. A exceção seria para serviços secundários que não integrem a essência do objeto.
Segundo a notícia de fato instaurada, inicialmente pelo promotor Pedro Henrique Andrade Santiago, não existe obrigação secundária do serviço prestado pela empresa subcontratada “Universidade DJ’s” de sonorização e locação de equipamentos de som iluminação, mas sim a própria essência do objeto licitado.
Ele ainda alega que, mesmo que fosse permitido, a empresa do irmão da secretária estaria impedida de participar de forma direta ou indireta (subcontratação) das licitações da Prefeitura de Itapecerica, por ferir os princípios da moralidade, impessoalidade legalidade.
O promotor ainda disse que precisa ser melhor apurado as transferência bancárias feitas de contas pessoais, haja vista que, em tese, os pagamentos deveriam ocorrer mediante empenho das despesas.
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Investigados
Em resposta ao MP, a secretária de Cultura e o irmão dela disseram que a denúncia é uma tentativa de criar um fato político. Disse que há “apenas ilações tecidas a partir de documentos sem autenticidade que indicariam alguns depósitos, dos quais não há qualquer demonstração, muito menos comprovação, de que guardariam alguma relação com a administração pública diretamente”.
A defesa da empresa Alexsom também negou irregularidades e a existência de subcontratação. Segundo ela, as as transferências bancárias “não lhe dizem respeito”.
Já o prefeito alegou não ter relação com a denúncia. Disse que a única participação dele se restringiu a homologar a licitação e que tudo ocorreu dentro da lei.
Em nota, a prefeitura de Itapecerica informou “que não tem conhecimento sobre qualquer esquema de corrupção envolvendo qualquer servidor.”
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“Contudo, afirma ter conhecimento de inquérito que apura eventual irregularidade no sentido de subcontratação de um som durante o Carnaval, o qual o Município tem acompanhado atentamente e, sobrevindo qualquer decisão, tomará as medidas legais, visando resguardar o interesse público”, finalizou.