Amanda Quintiliano

Alvo de investigação da Polícia Federal, o vereador de Divinópolis, César Tarzan (PP) se diz inocente das denúncias feitas pelo ex-cabo eleitoral dele. Ele é suspeito, dentre as acusações, de boca de urna, compra de votos, coação de testemunha e prestação de contas falsa. Nesta sexta-feira (29), medindo palavras, ele rebateu a afirmação do delegado federal, Benício Cabral e afirmou não haver provas contra crimes que não existiram.

O gabinete do edil foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quinta-feira (29). Os agentes apreenderam apenas aparelhos telefônicos dos assessores. Durante a ação, o delegado chegou a afirmar que há provas concretas que podem levar à condenação do vereador. As investigações tiveram início há cerca de três meses e conta com o apoio do Ministério Público Estadual.

Em coletiva, concedida nesta sexta, Tarzan negou todas as acusações. Com cópia da defesa de uma ação respondida na Justiça Eleitoral, originada a partir das mesmas denúncias, ele afirmou já ter sido inocentado. Apesar de estar com os papéis em mãos, ele não quis entrar no mérito da denúncia e nem do denunciante. Resumiu-se apenas a negar e a dizer que está tranquilo.

O vereador não foi ouvido pela Polícia Federal. Ontem, enquanto o gabinete era alvo da ação, ele estava em Brasília. Ao chegar, foi até a sede da Polícia Federal e entregou o aparelho celular. Tarzan foi ponderado nas afirmações alegando não querer atrapalhar as investigações.

Ele não quis falar sobre o que teria levado o ex-cabo eleitoral a denuncia-lo. Evitou palavras como perseguição e chantagem e esquivou-se de vários outros questionamentos da imprensa. Preferiu um discurso moderado e distribuiu cópia da defesa feita contra o recurso interposto pelo ex-vereador Nilmar Eustáquio para tentar barrar a diplomação dele.

Nilmar seria o suplemente de Tarzan. O recurso foi baseado nas mesmas denúncias e tinha como testemunha o cabo eleitoral.

Motivação

Na defesa do recurso, os advogados chegam a afirmar que a narrativa da testemunha, ou seja, do ex-cabo eleitoral, “são próprias de um líder de uma organização criminosa”. No documento consta ainda que, a denúncia teria sido motivada por briga de cargos na Câmara.

O cabo-eleitoral teria se comprometido a ajudar Tarzan em troca de ocupar uma das vagas de assessores. Porém, condicionou a própria nomeação à não ocupação de um dos cargos por um dos atuais assessores, Juliano Pio. Como o vereador não aceitou a condição imposta, o denunciante teria o ameaçado de prejudica-lo até que perdesse o mandato.

Defesa

Sobre a acusação de omissão na prestação de contas, a defesa afirmou, no recurso interposto por Nilmar, não haver qualquer irregularidade e reforçou com a afirmação de que ela foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

A defesa ainda afirmou ser improcedente a denúncia de capitação ilícita de sufrágio. O ex-cabo eleitoral declarou que havia um “esquema” para retirar parte do salário dos assessores. Esse valor voltaria para o vereador e caberia a dele definir a destinação.

O ex-cabo eleitoral também disse à Justiça Eleitoral que distribuiu cestas básicas a mando do edil. A defesa também negou dizendo que há interesse nítido de apenas prejudicar Tarzan. Já sobre as acusações de distribuição de santinhos, transporte de eleitores e boca de urna, a defesa diz não haver nenhum prova.

“Tudo não passa de uma acusação manipulada, baseada nas palavras levianas de um cidadão que quer prejudicar o recorrido [vereador] de forma injusta e criminosa”, consta no documento.

Investigação

O vereador diz ainda não ter conhecimento das denúncias investigadas pela Polícia Federal, apenas de que o teor é semelhante ao do recurso interposto pelo ex-vereador. Ele também ainda não sabe quais seriam as provas a poder do delegado.