As Comissões de Segurança Pública e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateram, nesta segunda-feira (01), o crescimento da violência, bem como alternativas para enfrentá-lo. Participaram do debate trabalhadores rurais ligados à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e produtores vinculados à Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Centro de Minas (Asprocem), que, juntos, lotaram o Plenário.

O número de crimes violentos em Minas Gerais mais que dobrou nos últimos quatro anos e o ritmo de crescimento desse problema na zona rural tem acompanhado o das cidades. A constatação é do coordenador do Centro de Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, Luís Flávio Sapori, que participou do debate. Segundo ele, em 2012 a média mensal de crimes violentos era de aproximadamente 5 mil, mas em 2015 essa média chegou a 11 mil, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

O presidente da Comissão de Agropecuária, deputado Fabiano Tolentino (PPS), anunciou que protocolou um projeto de lei para a criação do Plano Estadual de Segurança em Defesa do Campo. A proposta inclui a criação de uma delegacia especializada em roubos e furtos rurais.

 “Nós, do campo, não estamos mais vendo alternativas. A segurança pública está um caos”, salientou. O parlamentar ainda defendeu o uso de armamentos pelo produtor rural. “Nós não temos armas, mas os bandidos têm”, pontuou. Ele afirmou ainda que faltam investimentos e servidores nas Polícias Militar e Civil. “Queremos prioridade do governo no trabalho das polícias para que possamos ter segurança no campo e na cidade também”, destacou. Por fim, o parlamentar pediu a nomeação de 1.341 investigadores aprovados em concurso da Polícia Civil.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, questionou a falta de recursos para a segurança rural: “42% do PIB mineiro em 2015 foi gerado na agropecuária. Será que não há dinheiro para proteger um setor que gera tanta renda e emprego? Ninguém pode nos acudir?”, questionou.

Ações

O subchefe do Estado-Maior da PM, coronel Robson José Queiroz, disse que a ampliação das redes de vizinhos protegidos e o reforço da patrulha rural nos municípios são, de fato, medidas para uma melhor articulação entre as forças policiais e a população do campo. Já o delegado de Polícia Civil, Felipe Costa Marques de Freitas, ponderou que o aumento no consumo de drogas como o crack vem mudando o perfil dos crimes e dos criminosos no campo. O diretor de Gestão Integrada para Resultados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), coronel Antônio de Salles Fiúza Gomes, sugeriu a criação de uma comissão de monitoramento e enfrentamento ao crime rural, reunindo todas as forças de segurança pública.