Por Rodrigo Dias
Confesso que está difícil acompanhar o noticiário com tanta notícia ruim quando o assunto é política, economia e governo. A situação não é boa, e a cada dia é revelado um fato novo que nos toma a esperança em acreditar que este é um país sério ou que um dia o será.
Sigo na linha de pensamento de que o governo que aí está tem suas responsabilidades e, doa a quem doer, os culpados devem ser exemplarmente punidos por usurpar e dilapidar o nosso patrimônio. Da mesma forma acredito, também, que os indícios que envolvem outros governos e outras siglas partidárias que são citadas, em menor ou maior intensidade, na operação Lava-Jato, devem ter o mesmo tratamento. Tanto por parte da Justiça, como da mídia, neste que se apresenta como o maior caso de corrupção do Brasil.
Com o quadro atual não seria insanidade acreditar que a corrupção é tão sofisticada que é essencial para o país. É como se as coisas funcionassem na base do toma lá, dá cá que sustenta toda uma cadeia. A operação Lava-Jato revela isso quando deixa vulneráveis empreiteiras tradicionais que movimentam milhões de reais, geram milhares de emprego e podem, por causa de um sistema corrupto, fechar as portas e incidir, negativamente, na economia e na vida social do Brasil.
É um absurdo, mas a não descoberta dos atos corruptos dessas empresas era garantia de uma relativa estabilidade que agora está comprometida. Inclusive com a paralisação de obras importantes para o desenvolvimento do país.
Ironia? Não, simples constatação. A verdade vai doer tanto quanto o dinheiro que se perdeu nesse joguete envolvendo a Petrobras. A corrupção virou meio de vida para o corruptor, mas também sustenta uma nação. É assim com a política. Foi assim, por exemplo, durante anos no Carnaval do Rio de Janeiro, que fazia a folia com o dinheiro sujo vindo do jogo do bicho.
A corrupção é ferramenta que sustenta o tráfico de drogas. Compra o silêncio e a ausência das polícias. Fazendo com que os miseráveis acreditem que são eles, os bandidos, o Estado na favela e periferia.
Aqui a história é mais ou menos assim: sou corrupto, mas faço.
Não que todo político o seja, mas dá para ficar com o pé bem atrás com essa turma que se faz de salvador da pátria em frente às câmeras, gravadores e microfones. É o poder econômico que dita as regras, o mesmo poder que banca as campanhas dos políticos.
A crise está aí para ser resolvida. Agora, tirar proveito político dela é um ato covarde de quem não tem compromisso com o país. Ludibriar classes para aderirem à festa do “quanto pior, melhor” é querer o caos.
O momento é delicado e pede, acima de tudo, bom senso. Parar de olhar para o próprio umbigo e de apontar falhas dos outros para abafar as suas. Moralidade na política não é eliminar um só partido, mas eliminar os vícios desse sistema político obsoleto. Neste momento não há santos e tampouco salvadores da pátria.
A nossa democracia é nova e frágil. Ao longo dos anos foram tantos os escândalos que dá mesmo para não mais acreditar no sistema, mas o momento é de depuração. É impossível crer que as coisas permanecerão as mesmas com tantas experiências amargas já vividas. O processo de superação é longo, e se comparada a outras a democracia brasileira entra na sua adolescência. Tempo de conflito que prepara para a vida adulta.