Rodrigo Dias
Qual o conceito de liberdade? É estar solto e ser dono de si? Estar-se preso por vontade? Ou liberdade é um estado de espírito indiferente da condição do homem?
Liberdade, como tantas outras coisas que dão sabor à vida, não se resume, apenas, em um sentido. Liberdade é estado. Uma condição conquistada, sedimentada pelos esforços diários e pela vigilância.
O indivíduo consciente é avesso à opressão. Não se sujeita. É, sim, sujeito. Dá valor ao preço da conquista da liberdade. Sabe o quanto ela é importante.
Mas o opressor é contundente. Nem sempre utiliza da mão forte para suprimir a liberdade de alguém. Pelo contrário, ele até o deixa livre dentro de um aquário, enquanto há um mar lá fora para ser vivido.
A necessidade de ser livre pode estar ligada à nossa expectativa de estar livre. Quem ousa caminha mais à medida que afrouxa as amarras que o prende. Se for assim, nem todos estão prontos para ser livres da mesma forma.
Seria então maquiavélico pensar que mesmo que a liberdade seja condição do homem alguns ainda não a mereçam por não dar o devido valor a ela? Há quem acredite que de nada adiantará soltar o corpo se o espírito e a mente permanecerem presos.
O indivíduo poderá viver décadas sem ter essa compreensão. Permanecer no aquário que, neste caso, é o sentido da liberdade. O conforto da coerção que faz bem. Uma liberdade restrita e vigiada.
Todos nascem livres, mas nem todos estão prontos para viver esta condição em plenitude. Sendo assim, liberdade tem a ver não só com desejo. Mas também com descoberta.
Toda descoberta só é possível quando a mente está livre, receptível. Pode vir como um estalo, uma epifânia. Mas pode vir pela compreensão da dor. De que viver sem ela – a dor em seus mais variados aspectos – é mais agradável.
Se for assim, liberdade é ausência. Mas ausência também é vazio. E o vazio só faz sentido se servir para ser ocupado. Por lá o que nos traz serventia.
Então, liberdade é preencher os espaços. É ter o acesso aos direitos. Ter consciência. Abolir o que faz ser inferior. Tanto internamente como fora de nós.
Alforriar-se de fato.