Ana Amélia Vieira

Vou contar à vocês a história de uma pequena cidade do interior. O nome dessa cidade é Vagemnópolis, por causa do principal alimento que é produzido lá: a vagem. Essa cidade faz fronteira com Pimentópolis e essa fronteira é separada pelas plantações. Uma guerra entre essa cidades começou quando a plantação de pimentas invadiu a de vagens.

Mas antes de falar dessa guerra vou começar a contar a história dos personagens de Vagemnópolis. Primeiro temos o senhor que fiscaliza a plantação: o seu Francisco. Ele é casado com a dona Angelina e tem duas filhas: Izabel e Mariela. Eles são vizinhos do seu Aristide, cujo a mulher morreu e não tem filhos. Por ser tão sozinho seu Aristide é muito carrancudo e implica com todos, principalmente com o pequeno Peter que mora com sua avó Maria e adora jogar bola na frente da casa do seu Aristide. O melhor amigo de Peter é o Apolo que tem duas lindas irmãs chamadas Atena e Afrodite. A mãe deles é a professora Vera, que ensina todas as matérias para todas as turmas da cidade. O prefeito da cidade se chama Doutor Ernesto e tem uma filha que vive trancada em casa. Ninguém sabe da sua existência. Somente seus pais. Seu nome é Márcia e seu passatempo preferido é ler.

A guerra entre Vagemnópolis e Pimentópolis começou 20 anos atrás, quando o prefeito era o Doutor Vicente, pai do Doutor Ernesto, e estava no seu segundo mandato. A plantação de pimentas se expandiu, passando das fronteiras da cidade e invadindo a plantação de vagens. Por isso, Vagemnópolis invadiu a plantação de pimentas e jogou diversos tipos de agrotóxicos. Como a saúde da pessoa que irá consumir o alimento sempre foi preocupante em Pimentópolis, eles ficaram muito irritados e resolveram jogar formigas na plantação de vagem. A partir daí, a guerra foi marcada por diversos insultos. Pimentópolis acusava Vagemnópolis de usar água contaminada em suas irrigações. Vagemnópolis acusava Pimentópolis de ter agrotóxicos em seus alimentos. Isso prejudicava a economia tanto de uma quanto da outra.  A guerra se estendeu até os dias de hoje.

Como o prefeito de Pimentópolis tinha um filho da idade de Márcia chamado Mario, Doutor Ernesto propôs a Doutor Caio (prefeito de Pimentópolis) um casamento entre seus filhos. Doutor Caio não sabendo que Doutor Ernesto tinha filhos achou estranho e perguntou quem seria a noiva. Doutor Ernesto explicou que tinha uma filha, mas ninguém sabia, disse que logo apresentaria-a para a população de Vagemnópolis e explicaria sobre o casamento. A partir desse casamento Vagemnópolis se uniria a Pimentópolis formando uma metrópole na qual eles exportariam mais e se enriqueceriam cada vez mais.

Chegou o dia da apresentação de Márcia. Estavam todos reunidos na praça de Vagemnopolis, inclusive Doutor Caio, com Mario e sua esposa Eliza. Doutor Ernesto começou a explicar sobre a proposta que ele tinha para acabar com a guerra. Apresentou a sua filha e pediu desculpas por não apresentá-la quando ela nasceu. Mas então, Vagemnópolis descobriu o porque que Doutor Ernesto escondeu a sua filha por 18 anos. A menina era dona de uma impecável beleza, fazendo Atena e Afrodite morrer de inveja. Mario assim que a viu se apaixonou instantaneamente e a pediu em casamento. Márcia sem opções aceitou o pedido. Ela achava que era muito nova para se casar, queria estudar medicina e virar uma excelente médica. Mas pela felicidade de seu pai ela teve que abrir mão de seus sonhos.

Entusiasmado com a ideia Doutor Ernesto marcou o casamento para uma semana depois, contratou as melhores estilistas para desenharem o vestido e as melhores costureiras para costurá-lo. Márcia virou melhor amiga de Atena e Afrodite, que seriam suas madrinhas, e aproveitou com elas a última semana de liberdade que ela tinha. Peter e Apolo levariam as alianças até o altar e até seu Aristide foi convidado para o casamento.

O grande dia chegou, Márcia estava mais linda do que nunca com seu vestido de cetim. Estava nervosa, nem conhecia direito a pessoa com quem iria se casar em poucas horas. Enquanto Atena e Afrodite a acabavam de arrumar diziam a ela o quanto era sortuda por estar se casando com uma pessoa tão importante. Márcia sabia que seu casamento nunca seria um conto de fadas, mas tentaria viver ele da melhor forma possível, aliás estava fazendo isso por seu pai.

O casamento foi um desastre. Peter e Apolo correram pela Igreja na hora de levar as alianças, tropeçaram no tapete e derrubaram as alianças, que voaram pela Igreja e foram engolidas por seu Francisco. Ele começou a se engasgar e o levaram para o hospital. Ele passa bem. Mario ficou sem saber o que fazer e decidiu continuar o casamento, só que Márcia negou na hora do ‘você aceita Mario como seu legítimo esposo’, correu pela Igreja e quando estava atravessando a praça deu de cara com Fernando, um primo de Mario. Se apaixonou pela primeira vista e o amor foi recíproco.

Um ano depois desse incidente, a vida de todos os cidadãos mudou: seu Francisco se enriqueceu por te achado uma mina de diamantes embaixo das plantações de vagem, por isso estão pensando em mudar o nome de Vagemnópolis para Vila Diamante; Peter e Apolo estão mais amigos do que nunca; Atena se casou com Mario e Afrodite está namorando o irmão de Fernando; Vera construiu uma escola e contratou novos professores para poder atender um número maior de alunos; Doutor Ernesto descobriu que dinheiro não é tudo e que o que importa mesmo é a felicidade de uma nação em geral; a guerra acabou, pois viram o quanto tinham sido burros em brigar por causa de vegetais; e Márcia está realizando seu sonho. Ela se mudou para a capital para poder estudar junto com o Fernando. Os dois estão praticamente casados, mas vão deixar Márcia se formar para oficializarem a união. E o seu Aristide? Acho que o seu Aristide foi o que mais mudou. Ele continua carrancudo, mas decidiu que é melhor não implicar com os outros, afinal são todos seus amigos e só querem o seu bem.