Presidente da corregedoria se irrita com críticas ao órgão e diz que denúncia para cassar mandato fere hierarquia
Após a admissibilidade da denúncia de infração política-administrativa apresentada pelo vereador Flávio Marra (Patriota) contra Diego Espino (PSC), o presidente da corregedoria de ética, Edsom Sousa (Cidadania) disparou críticas. Ao mesmo tempo que votou contrário, ele criticou a postura de parlamentares e, principalmente, o fato de o caso não ter sido direcionado à corregedoria.
“Vereador tem que parar de pensar com a língua”, disparou.
Sousa tratou como relativa a inviolabilidade tanto mencionada pelos parlamentares para se protegerem ao fazerem acusações e ataques.
“Vereador tem inviolável, na palavra, opinião e voto? Tem. Mas vereador, depois de Einstein, tem uma imunidade relativa. Ora, eu só posso entrar no estabelecimento de uma pessoa se for um vigilante sanitário ou pertencer a algum código tributário”, comentou.
Um dos fatos elencados na denúncia, é a gravação de um vídeo feito por Espino acusando o assessor de Marra de trabalhar na loja (de propriedade do assessorado) em horário de expediente.
O que irritou mais o vereador foi o pedido, na denúncia, para retirar as representações em andamento contra Espino da corregedoria. A atuação do órgão, que é similar a Comissão de Ética, tem sido criticado pelos parlamentares.
“Quando tira da comissão de ética, tira o dever de hierarquia, pedindo a cassação do vereador? O que separa o remédio do veneno é a quantidade”, afirmou.
Antes, Sousa disse que o denunciante foi injusto com a corregedoria. Ao defender a denúncia, Marra citou que nenhuma medida foi adotada pelo órgão em relação às várias manifestações registradas contra o mesmo vereador.
“Temos pautado pelo jurídico da coisa”, enfatizou, apontando falhas na peça de origem da denúncia de infração político-administrativa.
“Nessa peça que o vereador fez, vi várias falhas gritantes. Ele me coloca como testemunha. Testemunha de que? Eu vi aqui, em outrora, que o vereador viu uma coisa em Divinópolis, mas não informou onde e quando”, apontou.
Ao pedir para retirar a representação contra Espino da Corregedoria, o presidente afirma que fere o artigo segundo da lei que a originou.
Ele ainda citou que os últimos três deputados cassados, foram por meio da Comissão de Ética da câmara federal. Para ele, a denúncia com pedido de cassação abre precedentes para passar por cima da corregedoria.
“Isso nem motivo de peça não é. Se eu tivesse sentado nesta mesa aí tinha batido no peito e arquive-se ou mandava para a comissão de ética. A comissão de ética ia dar o parecer sobre todo o fato da historicidade ali narrado pelo zeloso e elegante vereador Flávio Marra”.
A denúncia de infração política-administrativa foi aceita por nove votos a oito.