UPA Padre Roberto de Divinópolis
A UPA é gerida pela Santa Casa de Formiga (Foto: Arquivo)

Programa é proposto pela Semusa para desafogar os corredores da unidade e terá retaguarda do Samu; Serviço já foi implantado em Bom Despacho

A vereadora de Divinópolis, Janete Aparecida (PSD) aguarda reunião com o secretário municipal de Saúde, Amarildo de Sousa para detalhamento do programa “Melhor em Casa – Serviço de Atenção Domiciliar (SAD)”. A ideia é transferir pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para acompanhamento médico em casa.

Como antecipado com exclusividade pelo PORTAL, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) aprovou a proposta da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) com resistência. A preocupação é de que não se trate apenas de uma estratégia para esvaziar os corredores da unidade. O mesmo receio é compartilhado por Janete.

“Minha maior preocupação é de ser mais uma medida que o município não consiga cumprir e tratar os pacientes. De que seja apenas um paliativo e coloque as pessoas em risco”, comentou.

Janete pediu reunião com o secretário de saúde (Foto: Helena Cristina/CMD)

O programa do Ministério da Saúde (MS) foi adotado por um município da região. Bom Despacho resolveu tira-lo do papel com recursos próprios até o credenciamento em 2016. Hoje ele já recebe R$56 mil da União para o custeio. O mesmo caminho deverá ser seguido por Divinópolis. A prefeitura irá arcar até conseguir liberação do custeio por parte do MS.

Na cidade vizinha, deste a implantação do serviço, 214 pessoas foram atendidas. Lá, há uma equipe formada por um médico, uma enfermeira, um técnico em enfermagem e um assistente social. Eles contam com suporte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quando a ambulância do município está ocupada.

Segundo a secretária de Saúde, Neide Braga, a implantação do serviço em Bom Despacho foi muito importante, pois os pacientes que podem ser atendidos em casa liberam leitos para outros pacientes que realmente precisam da internação hospitalar. Também evita a permanência desnecessária desses pacientes nos hospitais e com isso, diminui o risco de infecção hospitalar. 
 
Em Minas Gerais, apenas oito municípios implantaram SAD. No Brasil são apenas 400 cidades. 

Exemplo

O esboço do programa é aprovado por quem o conhece. Entretanto, a vereadora aponta outros itens que alimentam os receios.

“A saúde da família que deveria ser preventiva tem cobertura de apenas 46% da população. Como vamos mandar para internação domiciliar um paciente para tomar antibiótico quando ele requer cuidados de enfermeiro, médicos?”.

“Não vamos colocar pacientes em risco. Quero essa garantia da Semusa”.

A Assessoria de Comunicação da prefeitura confirmou o estudo do programa, entretanto não divulgou detalhes sobre ele. Ainda não foi informado como seria a formação da equipe – qualificação, quantidade. A única informação é de que teria a retaguarda do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Samu

O programa conta com retaguarda do Samu (Foto: Divulgação)

Um mapeamento dos pacientes em internação domiciliar é repassado à Central de Regulação do Samu. De lá, eles têm controle da localização deles para atuarem em casos de chamados.

“Em caso de agravar, em relação a saúde, a central teria este mapeamento e a regulação estaria disposta, a partir das medidas técnicas adequadas, a fazer o atendimento”, explica o secretário-geral do Cis-Urg – responsável pela gestão do Samu – José Márcio Zanardi, acrescentando que a medida faz parte da rede de urgência e emergência.

Preparação

A preparação das equipes foi destacada pelo vereador e membro da Comissão de Saúde da Câmara de Divinópolis, o vereador Ademir Silva (PSD). Ele vê com bons olhos a iniciativa que pode desafogar os corredores da UPA, desde que com retaguarda profissional.

“Se tiver corpo técnico e forte para dar suporte acredito que seja bom”, comentou, completando que não teve acesso ao programa.

Para Ademir, a medida também poderá dar mais ordem à unidade.

“Tem gente que vai para a UPA e fica tumultuando, as vezes poderia ser resolvido com a visita do médico, mas fica lá esperando correndo risco de pegar uma infecção”.

Ainda não há previsão de quando o programa deverá ser colocado em prática. Apesar de já estar aprovado, são feitos estudos de viabilidade.