Caso de veículos em galpão deverá ser investigado em CPI; hospital diz que estavam guardados
A Câmara de Divinópolis avalia a possibilidade de incluir em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura indícios de fraudes na saúde o caso de três vans equipadas com equipamentos odontológicos, que pertenceriam ao Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) e que foram flagradas em um galpão em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi publicada pela rádio 98 FM Live, da capital mineira.
Na reunião ordinária desta quinta-feira (19/8), membros da Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Ciência da Câmara cobraram explicações ao hospital. O secretário da comissão, Israel da Farmácia (PDT), classifica o caso como “um escândalo” e diz que quer a instauração de uma CPI.
“É um escândalo envolvendo o hospital. O que me estranha, me chama atenção, é onde estavam essas vans. Essas vans estavam abandonadas há pelo menos cinco meses em um lote no bairro Eldorado, em Contagem. E, segundo informações, esse imóvel pertence a um deputado federal que já esteve envolvido com problemeas em Divinópolis”.
Logo após esta fala, Israel acrescentou que se refere ao deputado federal Leo Motta (PSL).
“Nós não vimos essas vans em Divinópolis. O CSSJD não tem clínica odontológica. Então, como que tem van para fazer trabalho odontológico? O que está acontecendo? Agora eu pergunto: como essas vans foram parar na garagem da cidade de Contagem? Cadê a explicação? Por que o hospital comprou as vans e as mandou para Contagem? Se é para atender à população, por que a Fundação Geraldo Corrêa não fez o convênio com instituição de Divinópolis? “
Ainda conforme o vereador, muitos fatos precisam ser investigados neste caso.
“Precisamos investigar de onde vem e pra onde vai o nosso dinheiro. Eu tive informação, que não posso afirmar, de que o terreno pertence ao deputado federal Léo Motta. Então a gente precisa saber isso. Tem as informações. Trazer para Divinópolis. Podem ter a certeza de que já temos uma CPI aberta contra o CSSJD e vamos trazer esse caso também para dentro da CPI. A gente quer saber por que o hospital, que vive aí pedindo emendas, negando atendimento, falando que não tem vaga e gasta R$ 800 mil com vans, se nem em Divinópolis estavam”.
Israel cita uma tentativa de acesso da reportagem da rádio 98 FM a um termo de documentação e parceria que teria sido formalizado entre uma entidade privada e o Complexo de Saúde. Essa tentativa, porém, foi negada sob o argumento de que, por questões da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, não poderiam fornecer o docuento.
“Se tem fumaça, tem fogo. Como essas vans foram compradas? Recursos próprios? Emendas? A gente quer saber. E queremos saber também se esse imóvel é deputado Leo Motta”.
Ainda segundo o vereador, uma apuração interna já foi iniciada no gabinete dele para esclarecer o possível vínculo do deputado federal e as novas informações, afirma, serão apresentadas no plenário.
O PORTAL GERAIS tenta contato com Léo Motta.
Posição do hospital
Em nota, o CSSJD diz que as citadas vans foram adquiridas com recursos próprios e em parceria com a Associação dos Diabéticos de Contagem (Adic) e destinadas à realização de atendimentos odontológicos sociais em todo o estado de Minas Gerais devido à ampliação de seus serviços odontológicos, na qual irá captar pacientes para a recuperação de deformidades crânio faciais, tornando o CSSJD referência estadual.
Ainda segundo o comunicado, cabem à associação todos os custos para a realização dos atendimentos e ainda o deslocamento e a manutenção dos veículos e despesas com os profissionais.
“Tal parceria foi, inclusive, autorizada pelo Ministério Público das Curadorias da Comarca de Divinópolis”, destaca.
Entretanto, segue o comunicado, os atendimentos odontológicos ainda não estão sendo realizados devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, que proibia realização de procedimentos em regime de mutirão, uma vez também que estão suspensos os atendimentos eletivos e aglomerações.
“Sendo assim, segundo informado pela associação, os veículos estavam devidamente abrigados. Entretanto, face às denúncias da 98 FM, no último sábado (14/8), as vans foram buscadas pelo CSSJD e transferidas para um outro pátio, desta vez aqui em Divinópolis, à rua Benedito Gonçalves, 1.651, no Distrito Industrial), onde seguem devidamente abrigadas em um estacionamento de ônibus que foi locado pelo CSSJD”.
Ainda segundo o hospital, durante todo o tempo em que os veículos estiveram em Contagem, a responsabilidade pela guarda e manutenção dos veículos em perfeitas condições era da Adic.