Lohanna França antecipa que irá recuar caso Eduardo Azevedo mantenha candidatura; Ele descartou chapa com a vereadora por questões ideológicas
Ricardo Welbert
Oito dos 17 vereadores eleitos para a legislatura 2021/2024 da Câmara de Divinópolis já sonham em ver a Mesa Diretora ocupada por eles e seus escolhidos. Até esta quinta-feira (3), manifestaram interesse pela candidatura à presidência Ademir (MDB), Edson Sousa (PL), Eduardo Azevedo (PSC), Eduardo Print Júnior (PSDB), Josafá Anderson (Cidadania), Kaboja (PSD), Lohanna França (Cidadania) e Roger Viegas (Republicanos). Alguns afirmam que não abrem mão da presidência. Outros consideram também a possibilidade de apenas compor chapa com algum colega.
O PORTAL GERAIS procurou esses interessados em busca de detalhes sobre suas propostas e os nomes que pretendem ter em suas chapas. As listas com os indicados para os cargos de presidente, vice-presidente, 1º secretário e 2º secretário podem ser registradas até duas horas antes da votação, no dia 1º de janeiro de 2021.
Ademir, MDB
Reeleito com 1.992 votos, Ademir diz que ainda está em busca de alguns nomes e não antecipa com quais colegas já conversa.
“Ainda precisamos nos reunir para definir. O que posso dizer é que só conto com vereadores que querem fazer diferente. Uma das nossas metas é estabelecer uma nova estrutura de cargos comissionados e terceirizados e resgatar a credibilidade da Casa, que está tão desgastada”, afirma.
Para o vereador, a experiência obtida no primeiro mandato o torna mais preparado para presidir o Legislativo.
“No primeiro mandato eu achei e pude comprovar que eu não estava preparado, mas agora estou preparadíssimo”, garante.
Edson Sousa, PL
Reeleito com 1.150 votos, Edson Sousa também ainda não fechou a chapa, mas garante que 75% dela já está definida. Como principal proposta, destaca o objetivo de mudar o que ele chama de “cultura presidencialista”. “Atualmente o presidente [Kaboja] tem um poder mais forte do que um sol de meio dia. Isso tem que acabar. Cabe aos quatro membros da Mesa agir de forma que ninguém esteja acima da lei e seja obrigado a cumprir seus direitos e deveres, dentro do prazo”, diz.
Edson afirma que, se for o próximo presidente do Legislativo, imporá restrições a si próprio. “A atual presidência tem negado muitos pedidos de vista em votações. O pedido de vista é um instrumento importante nas democracias representativas liberais. Como presidente, vou concedê-lo automaticamente. O plenário é soberano”, argumenta.
Eduardo Azevedo, PSC
Eduardo Azevedo, eleito com 4.249 votos, diz que só vai se candidatar à presidência se os colegas de chapa o considerarem capaz de exercer o cargo. Ele é irmão do prefeito eleito Gleidson Azevedo (PSC) e do deputado estadual Cleitinho Azevedo (Cidadania).
“Ainda estamos conversando entre os candidatos da renovação. Queremos agir de forma democrática. Houve algumas reuniões, mas ainda não houve qualquer definição. Temos receio que tem um dos nossos acabe migrando paro o lado da turma política, que já tem 8 interessados, dos quais dois querem ser o presidente. Acho prematuro dizer isso agora. Deveriam conversar mais e ver quem é mais competente e lançar uma chapa única.”
Eduardo Azevedo foi procurado pela novata Lohanna França, que o convidou para ser vice ou secretário dela. Embora ainda não tenha respondido ao convite, ele garante que não vai aceitar.
“Só apoio uma chapa que estiver 100% comprometida com o que eu acho que é o certo. Não há possibilidade de a Lohanna e eu trabalharmos juntos por questões ideológicas. Venho de uma base conservadora. Eu estaria indo contra meus princípios”, diz Eduardo Azevedo.
Eduardo Print Júnior, PSDB
Reeleito com 1.617 votos, Eduardo Print Júnior também diz que ainda não tem nomes a divulgar, mas que tenta construir um grupo focado em contribuir com a cidade.
“Na hora certa esses nomes serão apresentados. O que posso dizer agora é que me proponho a resgatar a imagem da Câmara como entidade forte que sempre deveria ter sido e um poder representativo, de orgulho para a população, com respeito, responsabilidade, credibilidade e gestão consciente, propondo projetos de austeridade e economia financeira, com recursos economizados sendo revertidos em benefícios para o povo, incluindo uma revisão ampla no quadro de funcionários comissionados, buscando aproveitar 100 % dos cargos de carreira.”
Ainda para Print Júnior, a próxima gestão do Legislativo será beneficiada pelo começo da Corregedoria de Ética, cuja criação foi votada e aprovada neste ano. Válido a partir de 1º de janeiro, este novo órgão deverá atuar de forma mais dura nos casos de desrespeito por parte dos vereadores.
“Até então, esses casos têm ido para a Comissão de Ética. Mas, essa comissão vem seguindo uma linha de apontar duplas interpretações nos casos analisados. Vários vereadores que foram notificados pela comissão recorreram e não deu em nada. A Corregedoria tem mais força e permitirá que casos como esses não fiquem impunes”, explica.
Kaboja, PSD
Vereador reeleito com 1.532 votos, Kaboja ainda não retornou aos contatos da reportagem.
Lohanna França, Cidadania
Vereadora mais votada nas eleições de 2020, com 5.462 votos, Lohanna França garante que já tem articulações adiantadas, com dois nomes definidos e tenta agora viabilizar o único que ainda falta.
“Quero estar na presidência da Câmara, apesar da juventude e da inexperiência. Considero que experiência com vícios antigos não vale a pena. O mais importante é a vontade de aprender e a disposição por buscar pessoas que possam abrir caminhos que a gente não conhece tão bem”, diz.
Lohanna afirma que sua gestão seria fundamentada em três pilares: econômico, administrativo e social.
“Precisamos passar a cortar o ponto de vereador que falte ao trabalho sem justificativa, inclusive em audiências públicas.
Outro ponto é fazer uma auditoria completa de todos os contratos. Também queremos transformar o prédio da Câmara em um prédio inteligente, que vai proporcionar economias de água, luz e outros recursos. No âmbito social, queremos ter uma assistente social sempre disponível para ensinar a fazer cadastros em serviços”, explica.
De todos os entrevistados para esta reportagem, Lohanna é a única a antecipar um dos nomes que deseja ter em sua chapa.
“Posso antecipar que Ana Paula Quintino vai estar comigo. A única possibilidade de ela não estar comigo na Mesa Diretora é se eu não for candidata à presidência, porque eu não quero ser vice-presidência, nem secretária”, garante.
Ela também antecipa que irá recuar caso Eduardo Azevedo mantenha a candidatura.
“Existe uma possibilidade correndo pelos bastidores de o Eduardo Azevedo se candidatar e se ele se candidatar, é muito difícil que eu vença. Ainda mais considerando que eu não vou compor com ele. Sou candidata a presidente ou a nada. Ele poderia estar na Mesa como meu vice-presidente. Eu ficaria honrada e seria muito bom. Mas, não vou abrir mão de concorrer à presidência. Se ele concorrer, os votos de renovação tendem a ir pra ele e a própria Ana Paula do Quintino tem que votar nele, por uma questão partidária. O único partido que não fecha questão é o meu. O PDT e o PSL também deverão acompanhar o Eduardo. O cenário não fica fácil pra mim. Se ele decidir realmente ser candidato à presidência da Câmara, eu me retiro da disputa. Com ele pegando o cargo de líder do governo e não participando, a candidatada da Renovação à presidência sou eu, com a Ana Paula na mesa como primeira secretária”, diz Lohanna.
Roger Viegas, Republicanos
Reeleito com 2.453 votos, Roger Viegas disse que tem sido difícil escolher.
“Desta vez nós temos muitos nomes à disposição, inclusive de vereadores novatos, o que não eram tão comum em outras legislaturas. Meu nome está disponível tanto para a presidência quanto para uma composição, desde que a Mesa aceite fazer o corte dos cargos. Minha principal proposta é fazer uma auditoria em todos os contratos da Câmara”, garante.
O vereador também cita como ações necessárias o fim do anexo do Legislativo no edifício Costa Rangel e também redução dos cargos em 50%, para que seja possível devolver aos cofres públicos o dinheiro atualmente gasto com eles.
“Sou o vereador mais econômico da Câmara. Provei isso com um mandato de austeridade e responsabilidade com o dinheiro público ao não usar carro oficial e nem outras regalias. Também quero a informatização de todos os documentos, porque gasta-se muito em papel”, diz.
“Todos os vereadores entram bem intencionados. Porém, talvez na falta de capacidade e preparo, vão esbarrando em entraves da própria máquina pela falta de conhecimento. De não saber administra. Quem perde não é o vereador, é a cidade. Quero acabar com a ideologia da troca de cargos. O presidente que está lá distribui X cargos para cada vereador, negocia a Mesa e as coisas não avançam. Mudam os nomes, mas não mudam as atitudes”, avalia.
Josafá Anderson, Cidadania
O vereador Josafá Anderson, reeleito com 2.551 votos, ainda não respondeu às perguntas feitas enviadas a ele para a report
Prefeito eleito impõe condição
Procurado pelo PORTAL GERAIS sobre o que espera da futura Mesa Diretora, o prefeito eleito, Gleidson Azevedo (PSC), diz que ainda não sabe sobre as articulações nos bastidores para a elaboração das possíveis composições da futura Mesa Diretora. Nem do próprio irmão, Eduardo Azevedo. “Vou aguardar”, afirmou. Em entrevista concedida logo após o resultado da eleição no dia 15 de outubro, Azevedo adiantou que apoiará na Câmara os vereadores que se comprometerem a cortar gastos.