Apesar da promessa de obstrução da pauta da Câmara de Divinópolis, os vereadores que apoiam a greve deverão ceder e votar a liberação de recursos para a saúde. O crédito suplementar de R$ 15,6 milhões deverá entrar em regime de urgência na reunião desta quinta-feira (07). Mesmo os parlamentares da oposição estão correndo atrás de assinaturas para não “travar a saúde”.
A suplementação se faz necessária para atender as seguintes despesas: pagamento do Hospital São João de Deus, via Sistema Único de Saúde (SUS); Unidade de Pronto Atendimento (UPA); manutenção dos veículos para o combate a epidemia de dengue; auxílio financeiro ao Programa Mais Médico e serviços para limpeza e higienização das unidades de saúde.
O ponto mais crítico é o do São João de Deus. O município não tem dotação orçamentária para transferir o recurso para a unidade. Sem o dinheiro, a maternidade está ameaçada a parar. São R$ 1 milhão do governo do Estado e R$ 300 mil da própria prefeitura. O combate à dengue também pode ficar prejudicado se o projeto não for votado e aprovado.
O presidente da Comissão de Saúde da Câmara, o vereador Edmilson Andrade (PT), apesar de apoiar a greve, disse que trabalhará para votação do projeto. Para ele, não há como deixar o movimento respingar em assuntos de impacto na sociedade.
“Não tem como trabalhar contra um projeto desse. Estamos com dengue e não tem dotação orçamentária, se não votarmos trava a saúde. Não tem como. Não é pauta para discussão salarial […] Quero ver explicar para a população que não votaremos por causa de movimento salarial. Temos que ter responsabilidade com alguns projetos”, afirmou, acrescentando que deverão conseguir as nove assinaturas para o projeto entrar ainda hoje em regime de urgência
O PROS que detém quatro cadeiras na câmara ainda não definiu qual será a posição na reunião de hoje. O vice-presidente da legenda, Marquinho Clementino disse que os parlamentares irão se reunir para discutir o assunto.
“É uma situação complicada porque são recursos do governo do Estado e já foi muito difícil conseguir. O município apenas faz o repasse e se não liberarmos a maternidade pode parar. Temos também o problema da dengue. Mas, ao mesmo tempo são com projetos difíceis que a gente pressiona o governo. Se não tem importância não há como pressionar para abrir negociação”, afirmou.
Servidores
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram), Luciana Santos disse que o movimento pediu o travamento da pauta, mas que quem decide sobre votar ou não os projetos são os vereadores e que essa decisão é de responsabilidade deles e não dos servidores.
Hoje (07), os servidores ocuparão novamente o plenário da câmara. Eles querem a intervenção deles para conseguirem abrir negociação com o prefeito, Vladimir Azevedo (PSDB). Uma comissão de parlamentares foi montada, mas o único encontro que conseguiram foi com o Conselho de Acompanhamento Administrativo e Financeiro (Caaf).
A categoria pede a reposição salarial de 11,27% e o prefeito diz não ter dinheiro para atender a reivindicação. Vladimir ainda afirmou que abrirá negociação apenas após a suspensão da greve. Ele acionou a justiça para tentar barrar liminarmente o movimento.