A morte de Ana Beatriz, de sete meses, será incluída no Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidade Infantil Materna e Fetal. A medida faz parte do procedimento da Vigilância Epidemiológica de Divinópolis por ela ter menos de sete anos. Este será apenas um dos procedimentos adotados para investigar a causa da morte da criança.
Uma apuração preliminar já foi feita pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e revelou que a menina foi diagnosticada pelos médicos do Hospital Santa Mônica com gastroenterite aguda. A doença, segundo o epidemiologista da Semusa, Osmundo Santana, também aparece no atestado de obtido onde também consta meningite.
“Quando ela deu entrada no pronto atendimento o diagnóstico inicial foi de gastroenterite aguda. Nesta ocasião ela não apresentava nenhum sinal e sintoma de meningite. Os familiares optaram então em acionar uma ambulância, já que tinham plano de saúde, para levar a criança para Belo Horizonte”, explica.
Entre os sintomas da meningite estão: febre, dor de cabeça, vômitos, rigidez de nuca e, em alguns casos, aparecimento de manchas vermelhas na pele. Em recém-nascidos podem também ocorrer irritabilidade e abaulamento da fontanela (moleira estufada). A informação inicial apurada pela Vigilância é de que ela não apresentava estes sinais.
Uma das possibilidades de identificar a doença é a retirada do liquor da medula espinhal para a realização de exame, entretanto, não foi feito. Segundo a avó da menina, Cristina Mendes foram feitos exames de urina, sangue, raio X, eletro, tomografia.
“Não foi feita a coleta porque não tinha clínica que a justificasse”, afirmou Santana.
Apesar desta informação da Vigilância, a avó de Ana Beatriz listou entre os sintomas a febre, vômitos e moleira alta.
Investigação
Novos procedimentos serão adotados para investigar a causa da morte. Um deles é a ida até a casa da criança para coletar dados junto aos familiares. Também será realizada uma autopsia verbal, nesta fase vários questionamentos sobre os fatores de risco da doença serão feitos. Será feita ainda uma investigação hospitalar e ambulatorial para saber em quais unidades a menina passou e quais os atendimentos, diagnósticos e tratamento recebeu.
“Isso não é exclusivo para este caso. Este é um procedimento de praxe que precisamos realizar”, afirmou, acrescentando que o serviço da ambulância – que é terceirizado – também será investigado.
O epidemiologista ressaltou que a meningite é uma doença de notificação obrigatória imediata e que em nenhum momento essa informação foi repassada pelo hospital à Vigilância. Enfatizou também que não há omissões de registros de doenças, que todos os hospitais possuem profissionais de referência para este trabalho.
Repercussão
O caso ganhou repercussão após a avó da criança e também os pais fazerem um desabafo nas redes sociais. No post eles relatam o caso desde a entrada no hospital, na última terça-feira (28), até o momento da morte. Segundo a avó, houve negligência médica, pois os médicos tratavam o caso como estável. Só após a troca de plantão é que foi informado à família a gravidade.
Cristina relatou que a médica orientou a transferência para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital São Camilo, em Belo Horizonte. No caminho, a menina sofreu três paradas cardíacas e morreu. A médica que os acompanharam teria diagnosticado Ana Beatriz com meningite bacteriana.
A gastroenterite é uma inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema gastrointestinal. Ela pode ser provocada por vírus, bactérias e parasitas, que podem ser transmitidos pelo ar, pela mão em contato com a boca e por intoxicação alimentar.