Talita Camargos

A vírgula é um dos sinais de pontuação que mais gera dúvidas. No dia a dia, vejo muitos erros graves, que mudam a mensagem do texto ou, na pior dos casos, deixam trechos sem sentido.

Até a regrinha mais básica de vírgula é desrespeitada, algumas vezes por falta de conhecimento, em outras porque a frase é muito longa.

A norma em questão é: NUNCA se separa sujeito do verbo.

Exemplos:

1 João foi ao supermercado. Sujeito: João verbo: foi

Caso tivesse sido escrito João, foi ao supermercado a frase ficaria sem sujeito, portanto sem sentido. A vírgula transformou João em vocativo, termo que indica um “chamado”, “interpelação” a um interlocutor.

Assim, a frase só ficaria correta com João como vocativo e não sujeito se fosse do tipo:

“João, foi ao supermercado?”. Vocativo: João Sujeito(oculto): você Verbo: foi

Eis, outra regra, quando há vocativo deve-se usar vírgula

2 A Associação Protetora dos Animais, precisa de doações. (vírgula errada) Sujeito: Associação Protetora dos Animais Verbo: precisa

Vejo muita vírgula mal colocada quando o sujeito é grande, como na frase acima. A falsa ideia de que vírgula é usada quando se respira provoca isto. Outro ponto que leva ao erro é que períodos mais longos dificultam o entendimento. Assim, aconselho, sempre que possível, optar por frases menores. 

Aposto

Outra regra básica de vírgula refere-se ao aposto, trecho que tem a função de explicar melhor algo que foi dito anteriormente. A parte entre vírgulas depois da palavra aposto nesta frase é um aposto. Para ficar mais simples entender, vamos a outro exemplo.

João, primo de Lúcia, foi ao supermercado. Sujeito: João Aposto: primo de Lúcia Verbo: foi 

Mas para usar bem esta regra, é necessário não fazer confusão com outra que pode interferir no sentido do que se quer dizer. 

A vírgula restritiva

A manicure Ana Paula não pode atender hoje X A manicure do salão Unhas e Mãos, Ana Paula, não pode atender hoje

Na primeira frase Ana Paula não é a única manicure, já na segunda, ela é a única manicure do salão mencionado.

Outros exemplos:

Romeu, que trabalha conosco, não veio hoje para a festa X Romeu que trabalha conosco não veio hoje para a festa

Na primeira frase, só há um Romeu, o que trabalha conosco. Já na segunda, há outros Romeus que podem ter ido à festa, mas o que trabalha conosco não veio.

Há outros casos sobre vírgula, mas ficarão para outras colunas. Por enquanto, deixo-os com estas regrinhas básicas. Basei-se nelas, em vez de confiar na respiração para usar ou não a vírgula.