Alguns vereadores defendem retorno limitado do público e outros recomendam seguir o que dizem as autoridades de saúde
Ricardo Welbert
A possibilidade de retomar a presença do público no plenário da Câmara de Divinópolis tem dividido opiniões entre os 17 vereadores. Por causa da pandemia do novo coronavírus, as primeiras reuniões têm sido sem a presença do público. O PORTAL GERAIS perguntou a cada um deles se são a favor ou contra o retorno da plateia física e quais os motivos que os levam a ter tais conclusões.
A FAVOR 👍🏼
Eduardo Print Júnior (PSDB), presidente da Câmara: “Acredito ser muito importante a presença e participação da população em todas as reuniões da Câmara. Conseguimos essa interação por meio da transmissão ao vivo pela TV e redes sociais. No entanto, estamos estudando, junto à Mesa Diretora, a liberação da presença de 36 cidadãos, conforme preveem as medidas de segurança na Onda Amarela, para assistirem presencialmente às reuniões. Essa resolução será publicada em breve, no ‘Diário Oficial'”.
Ana Paula do Quintino (PSC): “Sou favorável, dentro das normas de segurança. A Casa é pública. Mesmo que seja de forma controlada a entrada, tem de estar aberta. Se temos atendimento nos gabinetes, então no plenário também pode”.
Diego Espino (PSL): “Sou a favor. Todos os lugares tiveram um estudo de quantidade de pessoas. Bar, igrejas etc. Seria o mesmo tipo de estudo. O que viabiliza, sim, que tenhamos a presença da população”.
Eduardo Azevedo (PSC): “Frente ao atual momento que nós estamos vivendo da pandemia, óbvio que nós não podemos retomar da forma como era antes. Mas, obedecendo às normas da vigilância sanitária, desde que a Presidência da Câmara entenda que não vai comprometer o risco de contágio das pessoas entre os vereadores, servidores e o público, eu não vejo problema. Obedecendo-se as normas e diretrizes da Vigilância Sanitária, eu acho muito válido, sim.”
Flávio Marra (Patriota): “Desde que sejam adotadas as medidas de segurança que a Vigilância da Saúde exige, que são o distanciamento e o uso de máscara, aferição de temperatura, álcool em gel e o limite máximo de pessoas respeitado. Sou a favor de a população acompanhar as reuniões, porque acho que é um direto do cidadão. A população depositou muita confiança nesta nova gestão. Então, acho que a maioria do cidadãos quer acompanhar de perto a desenvoltura dos vereadores. Sou a favor, desde que respeite as barreiras e as normas da Vigilância Sanitária.”
Hilton de Aguiar (MDB): “O presidente da Casa está aguardando para que possa ter, sim, a presença de pessoas no plenário, mas com o aval da Vigilância Sanitária, por causa da pandemia. Sou a favor que tenha pessoas para acompanhar o nosso trabalho de perto. Várias pessoas gostam de ir lá acompanhar algum projeto e é direito delas. Sou a favor desde que tenha suas restrições, dentro do que está acontecendo na pandemia, dentro da legalidade”.
Israel da Farmácia (PDT): “Acho que a presença das pessoas no plenário enaltece o trabalho dos vereadores. Portanto, a presença deles deverá seguir as normas de segurança e orientações para o combate à covid-19. A Casa terá de se adequar para que o espaço atenda às exigências da Vigilância Sanitária do município.”
Josafá (Cidadania): “O retorno do público aos gabinetes, com credenciamento, foi uma solicitação minha. A pessoa chega à Câmara, diz em qual gabinete quer ir, eles dão um papel com o nome do vereador e indicam qual é o gabinete. Enquanto houver alguém lá dentro, a pessoa seguinte não entra. De igual modo, pode-se ter acesso ao plenário. Acho que deve ter, sim, com número limitado de pessoas. Marca-se o número de bancos que devem ser ocupados e deixa-se o nome na portaria, pega-se o tíquete, entra e assiste. Sou favorável com protocolo, disciplina e obediência”.
Lohanna França (Cidadania): “Não dá para a gente retornar com a quantidade de gente que era antes, livre, enquanto coubesse no plenário. Caso haja retorno do público, com certeza esse retorno precisará considerar o distanciamento. Se não me engano, são duas ou três cadeiras vazias e só aí, então, uma cadeira ocupada. Pelo menos é assim que a assessoria que acompanha os vereadores tem feito. Considerando que o ‘Minas Consciente’ alterou o número de pessoas que podem permanecer nos locais em Onda Vermelha, Amarela e Verde, faz sentido. Porque o setor privado pode agora fazer pequenos grupos de pessoas e a gente, que está aqui para prestar contas à população, vai continuar sem poder? Acho que temos que ter muita seriedade. As pessoas têm mesmo de ficar de máscara. A temperatura tem que ser aferida, mas o número de pessoas que será permitido deverá ser definido pelo presidente, após uma análise bem técnica disso”.
Ney Burguer (Cidadania): “Isso é muito interessante e eu já pedi isso na última reunião extraordinária. Que façam um levantamento da possibilidade. Acho que o plenário é muito grande, então dá pra fazer o distanciamento correto e abrir a casa. A casa não é do povo? Então tem que abrir, sim. E abrir a casa para o povo, com distanciamento, aferimento de temperatura e álcool en gel na porta. Sou a favor de reabrir, sim”.
Rodyson Kristnamurti (PSDB): “Não vejo muita dificuldade, não. Pelo contrário. Eu vejo que seria uma boa a participação popular, mesmo porque é a casa do povo. Já que outros lugares, como ônibus etc. e tal, podem aglomerar o pessoal, aqui também. Porém, a gente tem condições aqui dentro de criar, por questão de senha e portaria, para as pessoas cadastrarem aqui, terem o espaçamento de dois metros para cada um e algumas pessoas acompanharem”.
Roger Viegas (Republicanos): “Defendo também a reabertura da Câmara à população, como defendi a reabertura do comércio. Se houver consenso dos vereadores, principalmente daqueles que pertencem ao grupo de risco. Tem de existir, também, um consenso da população, para evitar polêmicas. Caso alguém seja barrado na portaria, a população tem que entender isso. Com o povo sendo barrado na ‘Casa do Povo’, por medida de segurança sanitária. O plenário aqui é grande. Podemos fazer o distanciamento marcando as cadeiras, como nas lanchonetes. Inclusive hoje temos várias cadeiras marcadas, o que já dão os devidos distanciamentos”.
Wesley Jarbas (Republicanos): “Sou favorável ao retorno das reuniões com a participação da população, desde que mantenha o distanciamento e que seja seguindo as exigências da Vigilância Sanitária e da Organização Mundial da Saúde, para a segurança de todos.”
Zé Braz (PV): “Creio eu que respeitando o distanciamento, tendo um posicionamento técnico e respeitando as demais normas sanitárias, não há nenhum problema de a população participar. A Câmara é um local onde se dá voz à população. Com certeza esta participação é muito bem vinda. É de suma importância a presença da população”.
CONTRA 👎🏼
Ademir Silva (MDB): “Gosto muito quando o público participa aqui das reuniões, interage e troca ideias com a gente. Essa participação nos nossos trabalhos é muito importante. Mas, como eu não sou técnico em saúde pública, eu prefiro deixar que o pessoal do ‘Minas Consciente’ e do Comitê aprove a liberação de aglomerações. Se a gente conseguisse liberar um número bem reduzido – um por cada vereador, por exemplo – tudo bem. Eu até concordaria, porque a Casa é grande e comportaria de 17 a 30 pessoas. Mas, se a gente deixar liberado a quem quiser vir, às vezes até por curiosidade, pode vir muita gente e aí ficaria muito complicado. Mesmo achando que é importante a presença do público, eu gostaria de deixar essa decisão por conta de quem realmente entende, porque eu não tenho conhecimento técnico a respeito disso. O que a gente sabe sobre o vírus é o que as autoridades de saúde nos explicam no tocante às formas de contaminação e nos cuidados com a prevenção.”
Ademir Silva: ‘eu gostaria de deixar essa decisão por conta de quem realmente entende’ (Foto: CMD/Divulgação)
Edson Sousa (MDB): “Acho que a Câmara não é diferente de nenhum outro segmento, de nenhuma expressão. Neste momento não seria prudente. Porque o princípio da publicidade está sendo atendido com as reuniões televisionadas [pela TV Candidés]. As pessoas podem acompanhar pelo YouTube e pelas redes sociais. O que eu acho é que, para voltar, é preciso naturalidade. A vacinação começou, mas ainda tem sido muito lenta. E ainda tem a próxima dose da vacina também. Acho que ainda é preciso prudência, pelo menos pelos próximos 30 dias, para a gente começar a amadurecer a ideia de reabrir”.
SEM POSIÇÃO 😶
Kaboja (PSD): o vereador visualizou, mas não respondeu às mensagens enviadas a ele pela reportagem.
EXECUTIVO
Na tarde de quarta-feira, 3, o PORTAL GERAIS contactou o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) e fez a ele a mesma pergunta que fez aos vereadores: o que ele pensa da possibilidade de retomada da presença do público no plenário durante as reuniões.
O prefeito respondeu apenas:
“Acho que quem tem que te responder isso é a população, porque ela é que é a mais interessada”.
A reportagem respondeu ao prefeito afirmando que, na impossibilidade de entrevistar a população inteira, o jornalismo faz perguntas a quem a população elege para representá-la. O prefeito visualizou a mensagem e nada mais disse até a conclusão deste conteúdo, na tarde de quinta-feira, 4.
CIÊNCIA
Pesquisadores de áreas como infectologia e microbiologia, dentre outras, são unânimes quanto à forma de contaminação e propagação do novo coronavírus. Evitar estar com outras pessoas em ambientes fechados e a uma distância mínima de dois metros de quem estiver à volta – para evitar contaminação por meio das gotículas lançadas ao falar e ao espirrar.
Independente de onde (em casa, no transporte público ou no plenário da Câmara) e por qual motivo (estar com a família, ir ao trabalho ou assistir de perto a uma reunião legislativa), a forma de pegar a covid-19 e transmitir o vírus a outras pessoas é universalmente a mesma.
Além de distanciamento, máscara e álcool em gel, é preciso ter consciência de que o mundo inteiro se vê diante de uma nova realidade, na qual quem não se adapta às condições impostas pelo vírus paga bastante caro – muitas vezes com a vida.