Vereador usou termos como “decadência” e “imoralidade” para descrever o legislativo: “está mais para mosteiro”
Como esperado, o vereador de Divinópolis (MG) Edsom Sousa (CDN) engrossou o tom contra o governo municipal após renunciar a liderança na câmara. Isso ficou claro, nesta terça-feira (13/6), quando o parlamentar não economizou críticas. Usando termos como “canalhas”, deu um sinal de como deverá ser a reunião marcada para essa sexta-feira (16/6) para ouvir o assessor especial do governo Fernando Henrique Oliveira.
Em entrevistas recentes ao lado do prefeito Gleidson Azevedo (Novo), o assessor chegou a dizer, em resumo, que estavam cansados de empresários os procurarem para mudanças de zoneamentos, relatando cobranças de propinas por vereadores.
As declarações foram feitas após a operação do Ministério Público que resultou no afastamento de Rodrigo Kaboja (PSD) do cargo e de Eduardo Print Jr (PSDB) da presidência da Câmara. A ação foi fruto de denúncia protocolada pelo prefeito a partir de gravações feitas por ele de Kaboja e empresários.
Para Edsom, o assessor colocou todos os vereadores em “vala comum”.
“O senhor Fernando não vai tratar isso daqui como uma manada. Ele não vai tratar. Sexta-feira ele vai estar aqui e ele terá que dar o nome do projeto, quem era o empresário, onde foi dado o dinheiro, quando, como?”, enfatizou.
E completou:
“O senhor cometeu um erro clássico da administração pública. O senhor não deu nome. E não adianta falar que está em sigilo no Ministério Público. Pode estar em sigilo lá, mas aqui não vai estar”.
Para ele, se há vereadores envolvidos em “negociatas” eles devem ser “banidos da vida pública”.
“Mosteiro”
Edsom foi além. Disse que o legislativo está “decadente” e “imoral”. Atribuiu esse cenário ao silêncio dos vereadores.
Hoje, o governo tem maioria na câmara. A base conseguiu, inclusive, impedir que fosse admitida a Denúncia de Infração Político-Administrativa que poderia resultar, se comprovadas as ilegalidades, na cassação do mandato do prefeito.
“Sabe porque o poder legislativo virou essa decadência, essa imoralidade, onde todo mundo recorre ao poder do Ministério Público? Por causa disso: porque vossas excelências estão caladas. Isso daqui está mais para o mosteiro do que para o parlamento”, disparou.
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“Canalhas”
Se defendendo, disse que nunca entrou nada na casa dele que não fosse fruto do trabalho dele e da esposa.
“Esse sujeito, esse puxa-saco do prefeito, pode ter certeza, o senhor não é o sol do meio dia, da moralidade não”, afirmou.
Em tom de ameaça, disparou:
“Depois que resolvermos essa questão, nós vamos resolver outra questão moral do senhor dentro do governo. Uma coisa de cada vez. Estou só adequando a artilharia, estou só não pensando com a língua. Vem coisas por aí. Chega”.
E mandou recado para o que chamou de “esse daí da Paraná”.
“Não tenho medo de áudio, de vídeo. Se vocês têm vídeos de membros deste parlamento que estão com uma postura que não é muito republicana e social, vocês podem ter, mas meu vocês não vão achar não. Chega canalhas”, finalizou.