Quando a mãe chegou para buscar o menino, os professores alegaram que ele estava no banheiro; a criança, no entanto, foi encontrada chorando em um bar, a quase sete quarteirões da escola.
Os pais de uma criança com Transtorno do Espectro Autista passaram por um grande susto ao buscá-la na Escola Municipal Evelina Greco Santos, no bairro Santa Lúcia, em Divinópolis, no dia 18 de novembro. O menino, diagnosticado com nível 2 de autismo e não verbal, saiu do local sem que nenhum funcionário ou professor percebesse, após o portão ter sido deixado aberto. A ausência do aluno só foi notada quando a mãe dele chegou à escola para buscá-lo.
Detalhes do ocorrido
De acordo com a mãe, a escola inicialmente alegou que o menino estaria no banheiro. Contudo, ele já havia deixado as dependências do local e caminhado cerca de sete quarteirões, sendo encontrado em um bar próximo à residência da família.
“Assim que entramos, a escola nem tinha percebido que ele havia saído”, relatou a mãe, Márcia.
Diante da situação, o pai orientou a mãe a registrar um boletim de ocorrência enquanto ele refazia o trajeto até a casa.
“Meu marido falou: ‘Márcia, você vai ligar para a polícia e fazer o boletim de ocorrência. Eu vou refazer o trajeto até nossa casa.’”
Encontraram o menino chorando em um bar próximo à residência da família.
Preocupações e críticas dos pais
A mãe enfatizou a vulnerabilidade de seu filho e questionou a falta de atenção da escola, especialmente da professora de apoio que deveria acompanhar o aluno.
“Ele é não verbal, tem muita dificuldade na escola. Deus que permitiu que ele chegasse em casa. Cadê a professora que deveria estar olhando por ele? Como ele saiu sozinho e andou sete quarteirões sem ninguém perceber?”
Além disso, os pais criticaram a falta de assistência da escola durante a busca pela criança. Conforme eles, nenhum funcionário ajudou ativamente na procura.
“Ninguém da escola pegou o carro para procurar. Meu marido o encontrou chorando perto de casa, em um barzinho”, desabafou Márcia.
Medidas tomadas pela família
Após o ocorrido, os pais registraram um boletim de ocorrência, denunciaram o caso ao Ministério Público e decidiram processar o município.
“Negligência da escola, falta de amor e cuidado. Quando ele está comigo, a responsabilidade é minha. Na escola, a responsabilidade é deles. Já estamos entrando para processar o município”, afirmou a mãe.
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Dificuldade de recolocação escolar
Preocupados com a segurança do filho, os pais optaram por não levá-lo de volta à Escola Evelina Greco. No entanto, têm enfrentado dificuldades para matriculá-lo em outra instituição. Escolas estaduais da região alegaram não ter vagas disponíveis para atender alunos autistas.
“Na escola Jovelino Rabelo e no Patronato do Bom Pastor, disseram que as professoras de apoio já atendem duas crianças cada. Falaram que não há pessoal suficiente”, explicou a mãe.
Ela também destacou um possível padrão de discriminação.
“Se ligarmos dizendo que ele não é autista, tem vaga. Mas se informamos que é, dizem que não tem vaga.”
Resposta das autoridades
A reportagem do PORTAL GERAIS procurou a Secretaria de Estado de Educação e a Prefeitura de Divinópolis para se posicionarem sobre o caso. Até o fechamento desta matéria, nenhuma das instituições havia respondido.