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UPA chegou a 300% de ocupação (Foto: Divulgação/Prefeitura de Divinópolis)

Corpo clínico ameaçou demissão; Ludmila confirmou que não há pediatras na unidade

A diretora técnica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, Ludmila Pizzigatti negou, nesta segunda-feira (29/4), erro médico na morte de Thallya Beatriz, de 4 anos. Conforme a diretora que é a única pediatra da unidade, a criança, foi devidamente atendida e os procedimentos padrão, incluindo exames de raio-x e hemograma, realizados.

Ludmila disse que a menina apresentou sintomas como febre, dor na perna, bem como dor de cabeça na quarta-feira (24/4), data do primeiro atendimento. A informação contradiz a da mãe da menina, Juliana da Silva Pinto. Ela nega que a filha tenha apresentado estado febril. Disse que Thallya realmente sentia dores na perna, porém estava com os olhos inchados.

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Detalhes

Após ser mandada para casa com antibióticos e analgésicos, Thallya retornou à UPA na sexta-feira (26/4). A diretora técnica, mais uma vez, deu informações contraditórias às da mãe. Disse que a menina apresentava taquicardia, assim como sudorese, tendo um desmaio durante a consulta.

Já a mãe, disse que a filha passou apenas pela triagem e que houve atendimento médico apenas quando ela já estava em parada cardiorrespiratória.

“Fizemos uma hora de tentativas de reanimação,” explicou Barbosa, que sugeriu uma complicação de uma doença respiratória em evolução como possível causa da morte.

De acordo com ela, a equipe fez tudo ao seu alcance dentro da estrutura da unidade. Questionada pela reportagem se ela descarta erro médico, ela, então, disse que sim.

Dificuldades e medo

A diretora também abordou a atual crise na unidade, incluindo um pedido de demissão em massa do corpo clínico feito nesta segunda (29/4). Isso porque, conforme ela, os profissionais enfrentam agressões físicas e verbais, dificultando ainda mais o ambiente de trabalho.

“Ninguém está querendo trabalhar com medo, e a população está contra todos os médicos,” lamentou.

Ela reiterou que a unidade lida com a escassez de profissionais e que os médicos, apesar do esgotamento, estão comprometidos com o atendimento à população. Apesar do pedido, ela disse ter contornado da situação. A grade de plantões está completa até agosto.

Sem especialidade

O PORTAL GERAIS mostrou no sábado (27/4) que a unidade tem contratado médicos sem especialidades. O Conselho Municipal de Saúde acompanha o caso. A diretora técnica confirmou, então, que nenhum dos profissionais contratados para atedimento na pediatria possui especialidade na área. Alegou que o país enfrenta escassez.

“Estamos enfrentando uma grande falta de pediatras especializados. No momento, sou a única pediatra na UPA, e o restante da equipe consiste em médicos gerais em busca de especialização,” disse ela, ressaltando que o Conselho de Medicina está ciente da situação.

Instauração de sindicância

Embora Ludmila tenha descartado erro médico, a vice-prefeita Janete Aparecida afirmou que isso não representa o resultado da sindicância e sim uma opinião dela. Houve a instauração de uma para apurar a morte da influenciadora digital Tatielle Scarlat e, agora, de Thallya Beatriz. As comissões tem 30 dias para concluir, com possibilidade de prorrogar por mais 30 dias.