“LAMA: O Crime Vale no Brasil” registra depoimentos de pessoas diretamente atingidas pelo ocorrido na barragem do Córrego do Feijão

Será lançado, em Divinópolis em maio o documentário “LAMA: O Crime Vale no Brasil”. A produção, realizada de forma independente, registra depoimentos de pessoas diretamente atingidas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão. A tragédia completou, nesta quinta (25), três meses. Foram 233 mortos e 37 pessoas continuam desaparecidos.

Produção

Richardson Pontone, professor, coordenador do curso de publicidade da Uemg em Divinópolis e diretor do documentário, contou ao PORTAL CENTRO-OESTE que desde 2010, realiza pesquisas relacionadas à mineração. Após voltar de férias, em Ouro Preto e saber do rompimento da barragem, ele foi até o local e vivenciou o cenário de lama na região, três dias após o acontecimento.

Após filmar alguns pontos e conversar com as pessoas que estavam por ali, Richardson decidiu que aquelas vozes precisavam ser amplificadas. Com isso, ele entrou em contato com o documentarista argentino Carlos Pronzato e juntos, começaram a produção. Foram 10 dias de filmagens e outros 11 de edição, realizados instantâneamente. O trabalho também contou com a direção de campo de Denise Belo.

“A base do filme são os atingidos diretamente pela lama e ouvimos também ambientalistas, professores, gente da área e sindicalistas (pois existe também um recorte trabalhista, porque havia pessoas trabalhando) (…) técnicos sobre geologia, meio ambiente e mineração”, explicou Richardson.

 

Discussão

Abordando questões políticas e ambientais, o documentário coloca em debate o atual modelo econômico de mineração. São apresentadas propostas e proposições, desde a reestatização da Vale, passando pela CPI da mineração até a exclusão da atividade minerária no país – sobretudo em Minas Gerais onde o quadrilátero ferrífero e o aquífero se misturam, representando um risco para os rios, logo para o abastecimento da população. O trabalho se propõe a reunir as principais idéias, percepções e a sensibilidade em torno do tema.

Além da impunidade relatada, inclusive no próprio nome, o documentário propõe também outras questões de profunda reflexão. Richardson conta que é preciso um novo modelo econômico de extração, através de uma maneira de não haver a exploração massiva de recursos naturais.

“Tem uma fala muito interessante que diz que 70% da mineração que existe não precisava existir, se nós, por exemplo, reaproveitássemos a sucata dos automóveis, dos nossos eletrodomésticos, disso tudo (…) Saímos do ciclo do ouro em Minas, que foi extremamente perverso e continuamos neste ciclo extrativista, só que agora no minério de ferro. A mensagem é para repensar justamente isso, não no ponto de vista de “ah, vou cair fora e não vou ter um carro”. Podemos continuar a ter tecnologia, só que a temos suficiente para re significar isso tudo e a partir da sucata, refazer outros”, finalizou Richardson.

O documentário será lançado em duas datas: No dia 08 de maio, na Sala de Cinema Adriano Reis, situada na sede do Grupo de Educação, Ética e Cidadania (GEEC) e no dia 10 de maio no auditório da Uemg, em Divinópolis.