Vereador diz que depoimentos mostram que denúncia teve motivação política por parte dos Azevedos e questiona: “a quem interessa acusar um inocente?”
Após empresários e vereadores negarem negociação ou pagamento de propina, o vereador de Divinópolis Eduardo Print Júnior (PSDB) se manifestou na manhã desta quinta-feira (15/2). Ouvidos na oitiva da Comissão Processante, alguns afirmaram nem conhecer o parlamentar. Para Print Júnior, a denúncia envolvendo o nome dele em esquema de pagamento de vantagens indevidas é motivada por “retaliação política”.
Assista às declarações dos empresários.
A comissão processante analisa o processo que pode levar à cassação do mandato de Print Júnior, bem como, de Rodrigo Kaboja (PSD). Ambos estão afastados judicialmente do cargo.
O parlamentar se diz vítima de reiterados ataques coordenados por parte do deputado estadual Eduardo Azevedo, do irmão, prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), assim como, de apoiadores mobilizados pela dupla.
O afastamento do parlamentar se deu a pedido da Justiça, a partir de denúncia feita pelo prefeito, o qual instigou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Conforme o vereador, elas ocorreram com base em gravações ilegais de conversas com empresários.
Os áudios sinalizavam, então, suposta negociata e pagamento de vantagens indevidas (propina) para aprovações de zoneamentos urbanos.
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Denúncia de propina à Print Júnior: “Retaliação política”
Print Júnior aponta a motivação do afastamento como uma retaliação política pelas investigações no superfaturamento da educação há dois anos. Além disso, citou a manifestação dele à pré-candidatura à prefeitura em 2024.
Os mesmos empresários da denúncia, alguns grampeados, e até mesmo alguns vereadores da Casa, negaram à Comissão Processante terem tido qualquer contato com o ex-presidente da câmara. Afirmaram que Print Júnior nunca solicitou qualquer vantagem ou pagamento para apresentar ou aprovar projetos.
“A família Azevedo se desesperou ao assistir as oitivas do Legislativo nos últimos dias, ao ver que, os mesmos empresários (uns grampeados), e, até mesmo alguns vereadores da Casa, negaram à Comissão Processante terem tido qualquer contato, solicitarem ou pagado propina ao ex presidente da Câmara.”, afirmou.
A comissão ouviu até o momento os seguintes empresários:
- Douglas José Prado Athayde Vieira,
- Hamilton Antônio de Oliveira,
- Eduardo Costa Amaral,
- Paulo Adriano Cunha,
- Waldinei Alves Arantes,
- Walmir Alves Arantes,
- João Paulo Gomes, e
- Nicácio Diegues Júnior.
A comissão ouviu ainda José de Oliveira Santana, o Zezé da Loteria. Ele teria recebido PIX da Kaboja. Contudo, afirmou ser procedimento normal e que o dinheiro recebido era usado para pagamento de contas do vereador. Também negou qualquer contato com Print Júnior.
Sem propina à Print Júnior
Em seguida, a comissão também ouviu os seguintes vereadores que também negaram informações, negociações ou conhecimento de propina à Print Júnior.
- Ana Paula do Quintino,
- Hilton de Aguiar,
- Israel da Farmácia,
- Flávio Marra e
- Rodyson do Zé Milton.
“Oito empresários e cinco vereadores negaram contato, negaram negociata e negaram terem me pago qualquer quantia, nesse caso em que fui envolvido. Com a verdade vindo à tona, eu pergunto à população de Divinópolis: tem cabimento pedirem a minha cassação?”, levantou.
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Prefeito foge de oitiva presencial
Print estende a provocação à reflexão: “E mais ainda. Por que o autor dessa denúncia caluniosa, autoproclamado melhor prefeito do Brasil, não quer ir à Câmara e testemunhar a respeito dessa acusação, agora que os empresários e os parlamentares negaram minha participação? A quem interessa acobertar a mentira e acusar um homem inocente e tentar destruir sua vida pessoal e política?”, questiona.
A defesa do vereador pediu que o depoimento de Gleidson Azevedo ocorra presencial. Dos três vereadores membros da comissão, dois votaram na contramão da orientação jurídica para que o prefeito deponha por escrito, Ney Burguer (PSB) e Zé Brás (PV). Edsom Sousa (CND) foi o único a ir contra o pedido de Azevedo.
Acordo de não persecução penal
Os empresários firmaram acordo de não persecução penal com o Ministério Público. Trata-se de um acordo que funciona como uma espécie de negócio jurídico pré-processual entre o Ministério Público e o investigado, assistido por seu defensor.
Nele, as partes, por exemplo, negociam cláusulas a serem cumpridas pelo acusado, e, ao final, haverá favorecimento pela extinção da punibilidade. Um dos empresários admitiu na oitiva ter firmado o acordo por orientação do advogado e para não estender o processo. De acordo com Adriano Cunha, ele não pagou propina a qualquer um dos vereadores.
As delações premiadas e acordos de não persecução penal ficaram conhecidas, então, no Brasil durante a “Operação Lava Jato”.