Epidemiologista alerta sobre riscos das queimadas e câncer; Confira
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A epidemiologista alertou que a fumaça das queimadas pode causar um aumento nos casos de câncer, especialmente no sistema respiratório, nos próximos 20 a 30 anos.

A exposição à fumaça gerada pelas queimadas no Brasil pode levar a um aumento de casos de câncer nas próximas décadas, alerta Ubirani Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em entrevista à Agência Brasil nesta terça-feira (17), Otero descreveu o cenário atual como “muito preocupante”.

Aumento dos tipos de câncer

“Se a gente não prevenir essas questões hoje, a gente corre risco de ter um aumento dos tipos de câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo”, destacou a epidemiologista.

Prevenção

Otero reforçou a importância de eliminar a exposição à fumaça para prevenir futuros casos de câncer. “A melhor prevenção contra o câncer é a eliminação da exposição. Se cessar o quanto antes, a gente pode prevenir muitos casos no futuro.”

Compostos químicos

A fumaça dos incêndios florestais contém uma mistura de compostos químicos que a torna cancerígena. “As queimadas geram muito material particulado. Estamos falando de liberação de monóxido de carbono, solventes, metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos, fuligem, uma gama de material que fica suspenso no ar”, explicou Otero.

Crises de queimadas no Brasil

O Brasil enfrenta uma grave crise de queimadas em 2024. De janeiro a agosto, incêndios consumiram 11,39 milhões de hectares, com 5,65 milhões de hectares queimados apenas em agosto, segundo o Monitor do Fogo Mapbiomas. Uma reunião dos chefes dos Três Poderes da República está marcada para hoje para discutir o problema, e o governo criou uma sala de situação preventiva para lidar com a seca e os incêndios.

Investigação

A Polícia Federal está investigando a possibilidade de que as queimadas tenham origem criminosa, e há indícios de ações coordenadas. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, foram estabelecidos gabinetes de crise devido aos incêndios, que também afetaram regiões como a Serra dos Órgãos.

Efeitos da poluição

O câncer mais associado à exposição prolongada à fumaça é o de pulmão e outras partes do sistema respiratório. A epidemiologista alertou que esses cânceres podem levar de 20 a 30 anos para se manifestar. “O período de latência é grande, então os efeitos dessa poluição de hoje para câncer a gente só vai ver depois de 20, 30 anos”, afirmou.

Proteção aos grupos vulneráveis

Otero também destacou a necessidade de proteger grupos vulneráveis, como crianças, idosos e trabalhadores em áreas abertas. “Eles precisam estar totalmente equipados, bem protegidos, com as máscaras e devidos equipamentos de proteção individual, para que eles não sofram efeitos dessa fumaça”, orientou.

Medidas

Ela recomendou medidas como a suspensão de aulas em locais críticos para reduzir a exposição das crianças à fumaça. “As crianças têm uma atividade física maior, elas acabam aspirando mais essa fumaça que os adultos. Os efeitos para elas são maiores, principalmente respiratórios”, explicou.

Riscos a saúde

Otero comparou a fumaça das queimadas ao tabaco em termos de perigo e destacou o risco aumentado para fumantes. “De um risco que seria dez vezes maior em relação à população geral, passa a 20 vezes maior ou até mais [entre fumantes]”, alertou.

Recomendações

Para aqueles em áreas afetadas pela fumaça, a especialista recomenda evitar sair de casa, usar máscara de proteção, beber bastante água e realizar a lavagem das narinas.

*Com informações da Agência Brasil