Evento deve atrair 80 mil pessoas à Itapecerica, movimentar R$ 10 milhões e fomentar da agricultura ao setor hoteleiro
Com 3.673 pessoas formalmente empregadas em Itapecerica, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril deste ano, eventos culturais e gastronômicos são as apostas para projetar o turismo e fomentar a geração de emprego e renda. Um exemplo é o Festival de Gastronomia Rural que começa nesta quinta-feira (30/5) e segue até domingo (2/6).
Essa é a segunda reportagem da série do PORTAL GERAIS que mostra como políticas públicas ajudam a fomentar micro e pequenos negócios.
Para se ter ideia, o município do Centro-Oeste de Minas, que registrou Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 28,9 mil em 2021, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá movimentar cerca de R$ 10 milhões, durante a 16ª edição do Festival.
Em quatro dias de evento, são esperadas 80 mil pessoas, público quase quatro vezes maior que a população, hoje estimada em 21 mil habitantes, segundo o censo de 2022 do IBGE. O festival movimenta desde a hotelaria, que atinge 100% de ocupação, até agricultores, pequenos produtores e quitandeiras.
“Além de todo o giro de capital ocorrido na festa em si, movimenta todo o setor de comércio e serviços da cidade, como supermercados, salões de beleza, lojas de roupas e sapatos, entre outros”, destaca o prefeito Wirley Reis, conhecido como Têko.
Setor alimentício
Esse é o caso, por exemplo, da empresária Amanda Gomides Medeiros. Dona do Candeeiro Pub, na edição passada ela vendeu mil pratos na barraca instalada na região central.
“Lá trabalhamos com a barriga de porco à moda Candeeiro e paella mineira. Simultaneamente, abrimos o pub normalmente”, conta.
Este ano, a barriga de porco está no cardápio, assim como o arroz com costela de boi.
Ela não sabe mensurar exatamente o aumento do faturamento no período, embora reconheça o impacto não só financeiro, mas também como vitrine.
“Traz um potencial turístico para a cidade em períodos em que não há evento. As pessoas passam a conhecer o estabelecimento”, explica.
Produtor rural
O festival também reforça a renda familiar da produtora rural Eliene Costa Souza. Ela e o marido já têm na bagagem a experiência de outros eventos. Além de habitualmente trabalharem com a agricultura familiar, com leite e plantações, eles circulam pelo estado participando, por exemplo, da queima do alho.
Em Itapecerica, o caldo de cana e a exposição de bois são os principais produtos. Quem tem o costume de viajar para expor a produção 100% artesanal encontrou na cidade onde vive um meio de potencializar o negócio.
“Potencializa muito. Tem pessoas que têm os salários, mas que utilizam a renda do festival o ano inteiro”, relata.
Assim como Amanda, ela não sabe exatamente qual foi o faturamento das edições anteriores. Para ela, a principal vantagem é a projeção que abre portas para participarem de outras festas, gerando também renda.
Leia a primeira reportagem da série especial:
Qualificação e preparação
A principal dificuldade entre os participantes é separar a despesa do faturamento e lucro. Para capacita-los, a prefeitura do município – responsável pela organização e realização – tem fechado convênio com instituições.
No ano passado, o Sebrae atuou como parceiro do Festival de Gastronomia oferecendo cursos e orientações aos expositores pensando também no turismo. O objetivo, como afirmou na época o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, era apresentar ferramentas que ajudassem “os empreendedores a se articularem e atuarem de forma interconectada, atendendo às demandas do mercado”.
Este ano, o Senac Divinópolis, que faz parte do Sistema Fecomércio MG, promoveu capacitações para aqueles que irão trabalhar nesta edição do evento. São cerca de 60 expositores apenas nas barracas espalhadas pelo centro da cidade.
“As capacitações focam no desenvolvimento das técnicas e habilidades profissionais relacionadas à alimentação e hospitalidade, dessa forma os participantes levarão o conhecimento para sua atuação contínua”, afirma o diretor do Senac Divinópolis, Alexandre Carvalho.
Tanto a equipe do Candeeiro Pub como a de Eliene participaram das capacitações. “Até então, a gente nunca tinha colocado na ponta do lápis quanto que sai para a gente um copo de garapa. Este ano participamos do workshop que nos ensinou a fazer isso. Agora a gente sabe o custo, quanto vamos ganhar, teremos a noção do faturamento. Não sei exatamente quanto ganhamos no ano passado”, relata a produtora rural.
- Prefeitura de Samonte desmente fake news sobre tuberculose
- Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 5
- Deputada Lohanna visita obras em escolas beneficiadas com emendas impositivas
- Chuva e alerta laranja marcam o final de semana em Divinópolis
- Suspeito de agredir morador de rua tem histórico de violência doméstica e furto
Festival de Gastronomia promove ciclo virtuoso por meio do turismo
Em linhas gerais, o investimento por meio de políticas públicas gera um ciclo virtuoso de incremento da atividade econômica. Para além do alimentício, o professor universitário e especialista em gestão empresarial Wagner Almeida acredita no impacto em diferentes setores.
“Primeiro, há uma maior atração de turistas e visitantes, o que aumenta a demanda por serviços locais, como hospedagem e alimentação, por exemplo. Contribui para a geração de empregos temporários, como seguranças, atendentes, cozinheiras, dentre outros necessários durante os dias de evento”, exemplifica.
Além disso, contribui no apoio aos produtores e comerciantes locais, pois permite que eles tenham a chance de mostrar seus produtos para um público maior e mais disposto a consumir. Ele cita os investimentos feitos em infraestrutura urbana, como melhorias em vias de acesso, sinalização e revitalizações que tornam a cidade mais atrativa.
“Por fim e também muito importante, há uma valorização da cultura e das tradições culinárias locais”, destaca.
O Festival de Gastronomia Rural é um dos eventos de aposta do poder público local para movimentar a economia por meio do turismo. Em julho, também é realizado pela prefeitura o Festival de Inverno. Com uma programação artística, bem como cultural, a festa realizada há mais de duas décadas também atrai turistas de várias regiões de Minas Gerais.
