A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital São João de Deus iniciou a implantação do projeto “Octo”, que tem por objetivo produzir “polvos” de crochê para os bebês prematuros. Desenvolvido na Dinamarca, a proposta visa ajudar os recém-nascidos a se sentirem mais seguros e confortáveis durante sua recuperação nas incubadoras da maternidade.
O projeto começou em 2013 quando pesquisadores dinamarqueses observaram que prematuros, ao ficarem próximos aos polvos nas incubadoras, tinham batimentos cardíacos mais regulares, a respiração tinha uma melhora e níveis mais altos de oxigenação no sangue. Os motivos estão nos tentáculos que funcionam como o cordão umbilical, envolvendo os bebês e evitando acidentes e choques nas paredes da incubadora.
Além disso, de acordo com o pediatra Dr. Júlio Veloso, o objeto dá mais conforto, diminui o stress evitando complicações como a perca de peso, alterações hemodinâmicas e assim se desenvolvem melhor.
“Hoje vem sendo comprovado a eficácia desse projeto, que supre a ausência da mãe. Antes de nascer a criança fica envolvida pelo cordão umbilical e se movendo, depois que ela nasce perde esse substrato. Então o polvo com os tentáculos simula o interior do útero da mãe”, disse o pediatra.
Ainda segundo o profissional, alguns funcionários que conheciam pessoas dispostas a desenvolverem os polvos de crochê se mobilizaram para iniciar a implantação do projeto. O polvo pode ser estilizado, com cores diversificadas, mas o importante mesmo é a sensação de tato do bebê. A técnica é simples e com apenas um novelo de lã é possível fazer até três polvos, mas devido os cuidados que os bebês necessitam, o material deve ser 100% de algodão e sua fabricação deve ser padronizado: a cabeça deve ter de 06 a 09 centímetros e os tentáculos devem ter no máximo 22 cm quando esticados.
De acordo com Dr. Júlio, o Hospital São João de Deus já utilizava um recurso semelhante, usando meias cirúrgicas cheias de algodão. O objeto não pode ser reaproveitado mesmo se esterilizado, por isso precisa da doação constante.
“É um objeto estilizado e que devido às normas do Centro de Controle da Vigilância Sanitária, não podem ser reaproveitados, e são doados como lembranças para a família que o utilizou. Por isso é um projeto que requer a ajuda constante de doadores, para que um novo bebê também receba o tratamento alternativo”, explica o médico. Interessados em participar do projeto com doações podem entrar em contato com a UTI Neonatal do Hospital São João de Deus.
Hospitais municipais de Belo Horizonte receberão em breve os polvinhos de crochê, e outras maternidades do país também já implantaram o programa. Na Dinamarca o projeto “Octo” faz doações à 16 hospitais no país e tem pedidos para começar o programa em mais de 15. A Holanda, Áustria e Estados Unidos também desenvolvem a técnica.