A família da idosa, que já recorreu à Justiça e buscou outras medidas para resolver a situação, ainda espera por ações que garantam o tratamento adequado
*Jhenifer Gonçalves
Uma idosa de 74 anos completa, nesta sexta-feira (25/10), 32 dias de internação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto Cordeiro, na cidade de Divinópolis. De acordo com informações e documentos fornecidos ao PORTAL GERAIS, a idosa compareceu à UPA devido a um quadro em estado avançado de obstrução das arterias da perna.
No dia 12 de setembro, ela realizou um exame de duplex escan arterial, também conhecido como ecodoppler vascular. Trata-se de um procedimento que utiliza ondas ultrassonoras para identificar alterações nas artérias. A equipe médica analisou o resultado levado ao posto.
Por risco de trombose, encaminharam-na para a UPA
Na última semana, foi informado que um médico de Pitangui faria a análise da paciente. Como o diagnóstico ainda não foi concluído, foi solicitado o exame duplex, porém, nenhum cirurgião vascular avaliou a idosa até o momento.
O médico também solicitou uma angiografia, que foi encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) para autorização. Entretanto, nesta segunda-feira (21/10), a filha da paciente recebeu uma ligação da secretária do vereador Lauro Capitão América, informando que o pedido não estava na SEMUSA. A filha havia procurado assessoria do vereador na tentativa de dar mais visibilidade ao caso.
Falta de protocolo para exames
Após o ocorrido, ela percorreu a direção da UPA e recebeu a informação de que o médico ainda não havia protocolado o pedido.
“É muito complicado. Minha mãe já ficou cinco dias isolada na UPA após contrair Covid-19 lá dentro. Ela também teve dois episódios de mal súbito, desmaiou e passou a noite na Sala Vermelha. Cada dia é um problema diferente”, ressalta a filha da paciente que preferiu não se identificar para não expor a mãe.
A família entrou com uma ação judicial, intimando a UPA, o município e o Estado, mas até agora não houve nenhuma medida efetiva. Eles afirmam que pediram ajuda ao senador Cleitinho Azevedo. O assessor do senador entrou em contato e solicitou todos os dados necessários, mas, mesmo assim, continua sem respostas.
Dificuldade para conseguir uma vaga
Ao entrar em contato com a equipe da UPA, a filha da idosa recebeu a informação de que a situação não depende dos médicos. Eles esclareceram que a regulação de vagas é de responsabilidade do Estado e destacaram a dificuldade em conseguir leitos para casos vasculares. Pois a idosa, além do leito hospitalar, precisa, também, de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Isso se deve ao fato de que, além da fragilidade relacionada à idade, ela é pré-diabética há mais de 40 anos, apresenta quadro de hipertensão e insuficiência cardíaca, resultando em um quadro clínico bastante complexo.
“Ela precisa de um hospital que atenda a todas as suas necessidades, mas isso se torna ainda mais difícil devido à falta de um diagnóstico exato, já que não fez a angiografia, que o SUS não autoriza a menos que ela esteja internada”, afirma sua filha.
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Tratamento adequado à idosa que aguarda na UPA de Divinópolis
Para a filha, a burocracia também emperra o tratamento.
“É tudo uma burocracia. Se fosse possível tirar minha mãe da UPA e pagar para fazer o exame, eu correria atrás de uma vaquinha. Mas não pode; se ela sair, perde o lugar na fila do SUS.
Em nota, a assessoria da UPA se pronunciou sobre o caso
“A Diretoria da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto Cordeiro Martins, UPA de Divinópolis, só irá se pronunciar sobre o caso desta paciente mediante autorização da mesma, considerando que os dados contidos no prontuário são sigilosos, protegidos por lei.
Na oportunidade, destaca que está sempre à disposição e que os familiares podem procurá-la diretamente na Unidade, que serão prontamente atendidos para esclarecimentos.
Informamos também que a UPA é uma Unidade de Pronto Atendimento e que os pacientes deveriam ficar na Unidade apenas 24 horas, mas após este tempo, a responsabilidade de alocação do paciente em leito hospitalar, em caso de necessidade, é da Central Estadual de Regulação (SUSFácil) e que informações sobre o tempo de espera de pacientes deverão ser buscadas junto à Secretaria de Estado de Saúde”.
Resposta da SES-MG
“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, esclarece que a paciente ainda aguarda uma vaga que atenda a sua especificidade. A Central de Regulação mantém a busca por um leito adequado para a paciente.
Informamos ainda que as transferências ocorrem por meio de um fluxo regulatório estabelecido para os casos de urgência e emergência, ou seja, a instituição de origem identifica a necessidade de transferência do paciente, procede com a solicitação no sistema informatizado de regulação, o SUSfácilMG, gerando um laudo de solicitação a ser atendido pelas Centrais Macrorregionais de Regulação Assistencial.
Em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não é possível divulgar informações pessoais provenientes do Sistema Estadual de Regulação Assistencial (SUSfácilMG).
Dessa forma, a SES-MG não pode disponibilizar qualquer dado individualizado que diga respeito à privacidade dos pacientes.”
Últimas atualizações do caso da idosa que está na UPA de Divinópolis
Nesta sexta-feira (25), pela manhã, foi realizado um segundo duplex scan arterial.