Isadora Santana
Não conseguir ouvir o mundo completamente deveria ser o principal problema de um surdo. Infelizmente usar uma língua pouco conhecida é o maior desafio para essas pessoas em Divinópolis.
Neste dia 30 de setembro é comemorado o “Dia Internacional dos Surdos”. A data foi escolhida para lembrar do Congresso de Milão ocorrido em 1880, quando houve a proibição do uso das Línguas de Sinais na Educação dos Surdos. No dia 26 deste mês, o Brasil também comemorou o Dia Nacional do Surdo, momento em que no ano de 1857 foi criada a primeira Escola de Surdos no país.
Graciele Maia é professora de LIBRAS na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) em Divinópolis, e conta que já presenciou várias situações difíceis que surdos tiveram que enfrentar.
“Certa vez uma surda me enviou uma mensagem. Ela estava em um hospital passando muito mal. Ao chegar lá, pela falta de comunicação entre ela e os médicos, soube que queriam realizar uma cirurgia de apêndice, porém após o meu auxilio, verificou-se que tratava de um problema nos rins. Mas foi tudo resolvido, graças a Deus!”
Divinópolis possui uma Lei Municipal 7.625/2012 que dispõe da obrigatoriedade de profissionais treinados em Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – no quadro de funcionários das Unidades de Saúde e instituições que prestam serviços ao público na cidade.
O artigo 1° diz que as organizações sociais, os hospitais, clínicas, unidades de saúde, entidades de ensino, empresas públicas e privadas que prestam serviços públicos, ficam obrigadas a ter no seu quadro de funcionários, pessoal treinado em sinais de LIBRAS, em números necessários para o atendimento às pessoas surdas.
O artigo 2° explica que as instituições que não disponibilizarem-se de pessoal treinado deverão fazer convênios e parcerias com as instituições filantrópicas, para que possam capacitar seus funcionários em cursos de curta duração.
É perceptível o descaso do cumprimento da lei no município. Nem mesmo da Câmara dos Vereadores, onde a lei foi aprovada, têm um intérprete. Por este motivo o PORTAL entrou em contato com a prefeitura desde quinta-feira (29), para verificar como está sendo feita a fiscalização, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.
Associação dos Surdos
Em 2007 foi fundada a Associação dos Surdos na cidade com a finalidade de promover a socialização. A entidade promove diversas atividades, como palestras que servem para levar informação, campeonatos esportivos e viagens. Atualmente funciona em uma sala na Avenida Getúlio Vargas, número 268, no prédio da Ipsemg. O local é temporário, pois a prefeitura cedeu um terreno para que construam uma sede própria.
“Estamos desenvolvendo um projeto no qual essas pessoas possam receber tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia entre outros. No entanto será possível apenas na nova sede. O projeto já foi feito por um engenheiro civil, mas precisamos de patrocínio para começar a construção das obras. Não é necessário que seja em dinheiro, mas pedimos doações de material de construção”, explica a secretária ouvinte da associação, Joelma Santos.
Interessados podem entrar em contato com ela através do número (37) 9 9957-8118. A entidade também aceita outras doações.
“Todas as quintas-feiras os surdos treinam futebol no Bairro Niterói, e precisam de materiais esportivos, como uniformes e bolas”, completa Joelma.