O novo acelerador linear – aparelho utilizado nos atendimentos de radioterapia – está parado desde abril do ano passado no Hospital do Câncer, em Divinópolis. Enquanto isso, pacientes aguardam até três meses para iniciar o tratamento. A denúncia foi feita pelo internauta Tibério Franklin nas redes sociais.
O aparelho de radioterapia foi comprado por R$ 3,8 milhões. Parte dos recursos (R$ 1,8 milhão) veio por meio de emenda parlamentar do deputado federal, Jaime Martins (PSD). Apesar dos esforços nem todos os obstáculos burocráticos foram vencidos. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) precisa encaminhar à Acccom técnicos para liberar o funcionamento.
Enquanto isso, a fila de espera na instituição que atende mais de 55 municípios da região vai crescendo e a máquina antiga trabalhando além do limite. Com capacidade para 70 atendimentos diários, este número já chega a 100. Com o novo acelerador linear, a capacidade iria triplicar, passando para cerca de 6,3 mil procedimentos por mês.
Marisléa Franklin de Souza, de 64 anos, mãe do internauta Tibério Franklin, é apenas um dos exemplos de quem precisou aguardar três meses para conseguir a primeira consulta para iniciar o tratamento de radioterapia. Ela passará pelo médico na próxima quarta-feira (03). Marisléa luta contra um câncer de mama desde agosto do ano passado.
Ela já passou por quatro cirurgias para tirar o tumor e margens de segurança. Foram quatro quimioterapias, exames, consultas, fisioterapia, drenagem. Todos os procedimentos particulares.
“Fomos na Acccom e devido à grande demanda para consulta com oncologista e iniciar a quimioterapia, optamos por fazer particular”, explica Tibério.
“Durante o tratamento, na primeira quinzena de novembro, fizemos a inscrição da minha mãe na Acccom para consultar com médico da radioterapia e iniciar o tratamento. A consulta com médico está marcada para o dia 03 de fevereiro, mas ainda não há previsão de iniciar a radioterapia”, relata.
Segundo o internauta, o aparelho poderá agilizar o atendimento.
“É humilhante esperar o Governo Federal quase um ano para liberar o funcionamento de um aparelho viabilizado com dinheiro público. A presidente Dilma e o ex-presidente Lula tiveram câncer e poderiam oferecer um pouco mais de dignidade para milhares de famílias que lutam pela vida. Enquanto sobra dinheiro para corrupção, faltam direitos e benefícios para população”, enfatizou.
Explicação
Para o novo equipamento de radioterapia funcionar, é necessário que os técnicos da CNEM venham à Divinópolis e façam a vistoria, para garantir que o equipamento está emitindo as dosagens corretas de radiação e se não há fuga desta energia para fora do bunker ou do local onde o equipamento está. A solicitação a este órgão foi feita no dia 27 de dezembro.
De acordo com a Assessoria da Acccom, de abril a dezembro de 2015 houve o processo de instalação da máquina, que chegou toda desmontada. A Acccom, durante este período, efetuou a instalações de ar condicionado, chiller, hidráulico, partes elétricas e porta hidráulica de chumbo. Investimento que somado à construção do bunker custou mais R$ 1,4 milhão, além dos R$ 2 milhões de contrapartida para a compra do aparelho.
Ainda segundo a assessoria, nos últimos meses a fila de espera da radioterapia agravou pois, um membro da equipe médica saiu em licença de saúde. Um novo profissional será contratado.