Foto: Divulgação

Douglas Fernandes

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Há algum tempo venho conversando com a editora do Portal Centro-Oeste sobre retomar a produção de conteúdo para minha coluna, mas não conseguia, de forma alguma, sentar frente ao computador e colocar minhas ideias “no papel”.

Então, zapeando pela net esses dias, me deparei com um artigo/desabafo fantástico do Wagner Brenner, para o site Update or Die, intitulado “Não consigo mais ler livros”.

O resultado? Além do susto, a necessidade urgente de voltar a escrever.

Por quê?

Bom, primeiramente, como o Brenner relata lá, também sou um leitor ávido por livros desde que me entendo por gente, porém há tempos não consigo engrenar na leitura de um livro, seja ele bom ou não tão bom assim.

Exemplo?

Nem mesmo o enredo intrigante de R.R. Martin, de Guerra dos Tronos (ou Crônicas de Gelo e Fogo) conseguiu me pegar e mesmo tendo comprado os dois últimos volumes da série, eles só estão acumulando poeira na minha estante, assim como uma série de outros livros que vim acumulando durante o tempo.

Parece que agora quero um resultado rápido, imediato.

E mesmo não conseguindo ler mais livros, atualmente tenho lido como nunca li antes. Isso porque há um fantasma dessa era que não me abandona: o celular. Vivemos em uma época na qual a leitura se intensificou assustadoramente, mas uma leitura simplista, rápida, superficial e fracionada.

Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter, Telegram, Messenger, Flickr, Tlumbr, Pinterest, Linkedin, e-mails, curtidas, comentários, respostas, compartilhamentos, memes ou a nova moda que vai surgir a qualquer momento.

Todo esse tipo de comunicação exige leitura, atenção e ansiedade.

Mas refletindo ainda mais sobre o texto de Brenner, se eu como leitor ávido estou preocupado devido a essa comunicação feita em migalhas (que mesmo sendo volumosa, não agrega valor), o que dizer então daqueles que não já não tinham o hábito de leitura?

O que será deles?

Será que veremos um livro escrito e publicado diretamente com whats, com textos curtos, emotions e memes?

E pior ainda: se a leitura de algo com “conteúdo” se tornou algo tão difícil assim, a escrita, então, se desintegrou.

Por que se preocupar então em aprender a escrita dita correta se posso me expressar como bem entender e ser compreendido (ainda que não por todos)? Sobre esse meu temor na produção escrita, já abordei esse tema dos tais dialetos digitais aqui mesmo nesse espaço, quando falei do Facebook e a Torre de Babel.

O paradoxo é hoje, mesmo lendo e escrevendo numa quantidade inimaginável, esse volume nada mais são do que migalhas no universo literário, e assim como os irmãos João e Maria foram enganados, acreditando que essas migalhas também poderiam levar à algum lugar, nós podemos estar nos perdendo em meio à produção de nada.

PS: Pra escrever esse artigo curto, nada mais do que quase uma hora e meia de prazo. Além do Word, tive que dar atenção à duas conversas no whats, acessei o face várias vezes, dei uma espiada na programação da tv e ainda precisei atender às chamadas da minha filhinha de dois anos.