Nela, durante sete dias, medita-se sobre as sete dores que traspassam o coração de Nossa Senhora
Com a aproximação da Semana Santa, os devotos da Igreja Católica de Pitangui se preparam para celebrar o Setenário das Dores de Maria. É uma tradição que, em Pitangui, no Centro-Oeste de Minas, remonta ao século XVIII. Nela, durante sete dias, medita-se sobre as sete dores que traspassam o coração de Nossa Senhora como espadas.
A cada dia, compara-se a dor de Maria com a de mães que também perderam filhos, rezando-se também em sua intenção.
De acordo com a Secretária de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico de Pitangui, Maria José Valério, o rito começa com a Capela de São Francisco na penumbra e a execução da Marcha Fúnebre, composta pelo maestro pitanguiense Quito Nunes. Acendem-se poucas luzes e o celebrante procede ao Ofício de Nossa Senhora. Há a entrada de anjos, portando a espada que, naquele dia, traspassará o coração de Nossa Senhora.
O momento mais importante é a bênção do Santíssimo, com todas as luzes acesas. Terminada a cerimônia, conforme a secretária, apagam-se novamente as luzes. Em seguida, a Banda de Música José Viriato Bahia Mascarenhas toca a Marcha Fúnebre e os fiéis saem em silêncio.
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Início do Setenário das Dores de Pitangui
O Setenário começa dia 17 de março, quando se inicia a Semana das Dores. Ele termina no sábado anterior ao Domingo de Ramos, início da Semana Santa.
Ainda de acordo com a Secretária de Cultura, esse rito foi recuperado em 2015, por ocasião dos 300 anos de Pitangui, pelo então Administrador Paroquial, Padre Ulysses César Nogueira Alvim. O coral, então, cantava em latim, assim como o padre rezava alguns trechos em latim. Atualmente, não mais.
“A Prefeitura de Pitangui, como guardiã das manifestações tradicionais que enriquecem e valorizam a cultura no município, nas suas mais variadas formas de expressões, incentiva e valoriza a realização do Setenário das Dores de Maria. Assim, entendendo que é um momento de exercício da fé dos fiéis católicos. Além disso, de integração da cidade, que se reúne em torno dessa celebração”, pontua a Prefeita Maria Lúcia Cardoso.
Por entender o valor histórico, religioso e cultural do Setenário das Dores de Maria, bem como sua importância para Pitangui e região, a prefeita Maria Lúcia Cardoso irá encaminhar a Paróquia de Nossa Senhora do Pilar um documento de intenção de tombamento desta celebração como Patrimônio Histórico Imaterial de Pitangui. Como forma de resguardar e proteger essa importante tradição religiosa do município.
Capela de São Francisco
O Setenário das Dores de Maria é realizado em um dos templos mais antigos da região. A Capela de São Francisco foi erguida por iniciativa de Ignácio Joaquim da Cunha, em 1850, no Alto das Cavalhadas (como era chamada a região), a partir de projeto arquitetônico assinado pelo Frei Eugênio Maria de Gênova. O templo recebeu a consagração eucarística somente no ano de 1872. O relógio da Capela de São Francisco, trazido de Portugal, data de 1811 e o sino é de 1862. A Capela de São Francisco é Patrimônio Histórico tombado em Pitangui.