Levantamento aponta que foram gastos mais de R$1,1 milhão com o serviço em quase quatro anos; Jurídico afirma que não há ilegalidades e defende

A prefeitura de Leandro Ferreira gastou a bagatela de R$ 1.121.284,72 a título de despesa com “manutenção e conservação de veículos” e “material para manutenção de veículos” entre janeiro de 2017 a setembro de 2020. O levantamento foi realizado por meio do Portal da Transparência após a reportagem do PORTAL GERAIS mostrar que, durante a pandemia, o município desembolsou cerca de R$40 mil com a mesma finalidade apenas com o transporte escolar mesmo com as aulas presenciais suspensas.

Segundo o levantamento, o valor dos gastos se refere às manutenções realizadas em oficinas e demais empresas, todas elas de outros municípios, como Bom Despacho, Pará de Minas e Lagoa da Prata. Além da despesa autorizada pelo prefeito ‎Elder Correa de Freitas (PSDB), a prefeitura conta com dois mecânicos para mão de obra no reparo dos veículos. Os servidores são efetivos.

Leandro Ferreira possuí 38 veículos, sendo que dois foram leiloados. Deles 10 são de uso da educação, entre eles ônibus, vans e carro pequeno. Os demais são para transporte de pacientes, setor de agricultura e comércio, transporte rodoviário, vigilância epidemiológica, atividades de limpeza pública, conselho tutelar e planejamento, gestão e financias de obras.

O município também é responsável pela manutenção de duas viaturas da Polícia Militar.

Veja a relação dos gastos:

 

O que diz a prefeitura:

O PORTAL entrou em contato, primeiramente com o prefeito ‎Elder Correa de Freitas (PSDB) que limitou-se a comentar o caso. Disse apenas que “não tem nada escondido” e pediu que o jurídico se manifestação.

O assessor jurídico Euler Lacerda defendeu o valor dos gastos. Minimizando a despesa durante a pandemia, disse que o acumulado no período, R$105,7 mil, se dividido pela quantidade de veículos resulta em “um valor barato”.

“Estamos falando de duas Patrol, uma pá carregadeira, uma retroescavadeira, acredito que quatro ou cinco ônibus, quatro caminhões. É muito barato”, declarou.

Citando que o gasto durante o período calculado pela reportagem do PORTAL GERAIS, na matéria anterior, é de cerca de R$583/mês por veículo, disparou.

“O meu carro particular, vamos dizer, que fica quase mais do que isso. São máquinas pesadas. Agora, você está falando comigo de três anos? R$1 milhão? É como eu estou te dizendo. Um jogo de lâmina de Patrol, que deve dar para patrolar 20km de estradas, acredito que custa quase R$4 mil”, defendeu.

Euler ainda afirmou que as empresas foram contratadas a partir de licitação, com base no menor preço apresentado, e que não há ilegalidade em contratar de outras cidades. Alegou ainda que não há oficinas no município prestadoras de serviço para máquina pesada.

“Geralmente uma empresa grande, maior, com mais fluxo de venda, tem a condição de fazer um preço mais barato. Então, queríamos contratar empresas da cidade mas, infelizmente, para nós, tem essas dificuldades e percalços que nos impedem de contratar quem queremos”, explicou.

Sobre a despesa milionária no acumulado de quase quatro anos, o assessor jurídico reconheceu ser um montante expressivo. Entretanto, voltou a argumentar que ao dividir o gasto pelo número de veículos chega-se a um “valor pequeno”.

Foto de capa: Perfil Pessoal/Facebook