Warlon Elias se diz perseguido após vídeo em que Gleidson Azevedo e Flávio Marra atribuem fechamento de comércio a órgão colegiado
O presidente do Conselho de Saúde de Divinópolis, Warlon Carlos Elias, registrou nesta quinta-feira (15) um boletim de ocorrência policial em que atribui ao perfeito Gleidson Azevedo (PSC) e ao vereador Flávio Marra (Patriota) a responsabilidade por ameaças que ele tem recebido após os dois aparecerem em um vídeo atribuindo ao órgão colegiado a culpa pela decisão judicial que obrigou a Prefeitura a seguir à risca todos os pontos da Onda Roxa, fase mais rígida do plano “Minas Consciente”, criado pelo Governo de Minas para nortear estratégias de combate à covid-19.
Warlon relatou à Polícia Civil que tem recebido ameaças de várias pessoas. Segundo ele, os ataques chegam por ligações telefônicas e mensagens no WhatsApp, Facebook, dentre outros aplicativos.
Segundo Warlon, as ameaças começaram quando Gleidson Azevedo e Flávio Marra publicaram no mesmo dia, em várias mídias sociais, um vídeo em que responsabilizam o Conselho de Saúde por fechar o comércio da cidade.
O presidente do órgão colegiado afirmou à Polícia Civil que se sente indignado pelo fato de o prefeito e o vereador indiretamente responsabilizarem o conselho e não o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), que foi o responsável pelo decreto da Onda Roxa.
Em outro ponto do boletim de ocorrência, Warln menciona um post no Facebook em que um usuário da rede social identificado como Joe Augusto Augusto o responsabiliza diretamente pelo fechamento do comércio e divulga um contato de Warlon, incitando a população a atacá-lo virtualmente.
De acordo com a Polícia Civil, o presidente do Conselho de Saúde foi orientado a juntar todos os vídeos, as ameaças descritas e demais provas para apresentação à autoridade policial competente, para as devidas providências cabíveis.
Procurado pelo PORTAL GERAIS nesta sexta-feira (16), Warlon afirmou que fará o que o órgão de investigação sugeriu.
Vereador
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Flávio Marra disse que o vereador não citou o nome de Warlon no vídeo e que foi Gleidson quem atribuiu à vítima a responsabilidade pelo fechamento do comércio.
“Quem colocou essa parte foi o prefeito. O vereador não citou o nome de Warlon. Citou, sim, fatos que aconteceram, supostamente denunciados ao Ministério Público pelo Conselho de Saúde. O prefeito é que colocou isso. O Flávio só fez a colocação dele, como representante do povo”.
Ainda de acordo com a assessoria de Marra, o vereador apenas criticou Zema, que ele acha que é “o maior culpado por tudo”.
“Em hora nenhuma ele citou violência ou falou o nome desse cidadão diretamente e sequer citou o nome de Comissão de Saúde”, finaliza a assessoria do vereador.
Executivo
O PORTAL GERAIS também procurou Gleidson Azevedo para comentar o caso. A manifestação ocorreu por meio de nota.
“O prefeito simplesmente narrou fatos que o próprio Conselho Municipal de Saúde havia dado publicidade anteriormente, qual seja, a representação feita junto ao MP, questionando atitudes da gestão com relação à Covid. Em momento algum o prefeito incitou a população a questionar os representantes do referido conselho e muito menos a praticar qualquer ato de violência ou ameaças e nem mesmo de cobrarem algum posicionamento do presidente do CMS”.
Entenda
A atribuição de culpa pelo fechamento do comércio ao presidente do Conselho de Saúde se deve ao fato de ele ter apresentado, em nome do órgão colegiado, uma denúncia-crime ao Ministério Público de Minas Gerais contra o prefeito, a vice-prefeita e o secretário de Saúde de Divinópolis pelo que ele classifica como falhas na gestão da pandemia.
No texto assinado em 7 de abril e ao qual o PORTAL GERAIS teve acesso, o autor detalha o que considera como falhas de Gleidson Azevedo, Janete Aparecida e Alan Rodrigo no combate à pandemia.
De acordo com Warlon, o conselho que ele preside constatou omissões e condutas administrativas do Executivo que infringem algumas leis.
“Este governo, como é de conhecimento de todos, desfraldou desde suas primeiras horas a bandeira negacionista da restrição mínima de atividades e serviços, inclusive na fatídica passagem de ano, mantendo desde então baixa mobilização de recursos humanos e materiais na fiscalização, que deveria ser incrementada na mesma proporção em que a ameaça pandêmica, mas que tem sofrido, de fato, investidas restritivas”.
Algumas dessas investidas, ressalta, feitas quando ainda nem sequer estava empossado o então recém-eleito chefe do Executivo, que em vídeos divulgados em redes sociais fez ataques à fiscalização que havia interditado um complexo comercial do município, assim sinalizando a política de restrição sanitária mínima, que, segundo o presidente do CMS, veio a perpetrar nas semanas e meses que se seguiram e que hoje cobram o preço que se vê nas filas de atendimento e no número de contaminados, doentes e mortos.