Contrato prevê que a entidade de Contagem terá que realizar 300 atendimentos odontológicos; Relação com o deputado Léo Motta é questionada

As três vans compradas pelo Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) em parceria com a Associação dos Diabéticos de Contagem serão doadas à entidade ao fim do contrato. Essa é umas das cláusulas contratuais que chamou a atenção dos vereadores de Divinópolis, segundo o presidente da câmara, Eduardo Print Jr. (PSDB).

Pelo contrato, caberá a entidade realizar 600 atendimentos por mês em 12 meses, assumindo todos os custos, como manutenção, gastos com despesas para prestação do serviço, deslocamento.

Ao concluir, os veículos avaliados em R$800 mil cada e adquiridos, segundo o hospital, com recursos próprios, ficarão para a associação, ligada ao deputado federal, Léo Motta (PSL).

As vans, totalmente equipadas, são destinadas à realização de atendimentos odontológicos sociais. A partir do serviço serão captados pacientes para a recuperação de deformidades crânio faciais.

“O contrato também tem uma cláusula de sigilo”, revelou o presidente da Câmara.

Para Print, o sigilo somado à doação das vans geram preocupação.

 “Isso que queremos entender melhor”, afirmou.

Outro ponto questionado é a parceria feita com uma entidade na região metropolitana, a cerca de 140 quilômetros do hospital. Os pacientes a serem atendidos seriam captados em todo o Estado.

Embora, a unidade hospitalar seja referência do Centro-Oeste, o contrato não faz menção sobre a região.

Uma equipe do parlamentar está em Contagem para tentar a autorização da entidade para tornar público o contrato. A direção do CSSJD já autorizou a publicidade. Só com a devida permissão, detalhes deverão ser divulgados.

Dúvidas

O deputado ligado à associação e dono do terreno repassou R$4,1 milhões em emendas ao hospital. Em junho deste ano polemizou ao cobrar o repasse do dinheiro pela prefeitura ao São João de Deus.

Na época, um novo “plano de trabalho” precisou ser apresentado alterando a destinação do dinheiro para atender exigências da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

A relação do hospital com Léo Motta é um dos principais imbróglio apontado pelos vereadores. Eles querem descartar, por exemplo, a possibilidade das emendas integrarem um acordo para compra das vans.

Para isso, eles aguardam reunião com a presidente do CSSJD, Elis Regina Guimarães, prometida para esta semana, porém sem data confirmada.

O vereador Israel da Farmácia (PDT) quer que o fato seja apurado dentro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que já investiga a destinação das emendas.

Vans

As “vans consultórios” foram reveladas a partir de reportagem feita pela rede 98 denunciando o abandono do veículos em um terreno ligado ao mesmo deputado em Contagem. Elas estavam paradas no endereço desde março desde ano.

A documentação do Departamento de Trânsito (Detran) aponta que elas foram compradas em julho e emplacadas em outubro do ano passado.

Justificativa

Em nota, o CSSJD disse que a parceria com a associação foi autorizada pelo Ministério Público das Curadorias da Comarca de Divinópolis. Afirmou que os atendimentos odontológicos ainda não estão sendo realizados devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-1919, que desde o seu início foi proibida a realização de procedimentos em regime de mutirão.

Sendo assim, segundo o CSSJD, foi informado pela associação que os veículos estavam devidamente abrigados.

 Entretanto, a partir das denúncias da 98 FM, no sábado (14/8), as vans foram buscadas pelo CSSJD e transferidas para um outro pátio, desta vez em Divinópolis, no Distrito Industrial. Ela seguem devidamente abrigadas em um estacionamento de ônibus, que foi locado pelo CSSJD.

 “Por fim, é importante destacar que durante todo o tempo em que os veículos estiveram em Contagem, a responsabilidade pela guarda e manutenção dos veículos em perfeitas condições era da ADIC”, afirmou o hospital.

“Perseguição”

O deputado tratou o caso ao postar nas redes sociais deles como “perseguição”. Ao PORTAL GERAIS a assessoria afirmou que ele já “dá o assunto por encerrado” e que a posição dele se resume a entrevista concedida a rede 98 na semana passada.

Nela, o deputado confirmou que indicou a associação após ser procurado pela diretoria do hospital que teria demonstrado interesse em desenvolver um trabalho social na “parte particular”. Assim como o CSSJD, destacou que a unidade que ser referência em cirurgias craniofacial.

Também confirmou ser dono do terreno onde as vans estavam guardadas e que foi tesoureiro da entidade em 2010.

Assista na íntegra: