A famigerada “ideologia de gênero” tão debatida nas últimas semanas em Divinópolis ganhou mais um capítulo. O vereador autor da proposta que bane de vez o termo das escolas municipais de Divinópolis, Marcos Vinícius (PROS) cedeu e decidiu rever a matéria. A decisão tomada após reunião com o bispo Dom José Carlos abre espaço para a elaboração de uma emenda.
Alvo de críticas nas redes sociais e pressionado pela União Estudantil de Divinópolis (UED), este texto seria para tentar buscar a conciliação entre contrários e a favor ao projeto. Marcos Vinícius reconheceu a complexidade do tema e disse ser necessário debater mais, além de leva-lo ao conhecimento da comunidade.
“Não quero ser o dono da verdade. O assunto é complexo, polêmico, ele envolve um viés ideológico, mas também envolve o viés, e não sei qual é o mais forte, científico, biológico, genético, antropológico, sociológico, jurídico e legal. São várias áreas que convergem, várias ciências que se envolve em uma discussão que ainda é desconhecida por grande parte da população”, argumentou.
“Este desconhecimento que leva a um posicionamento que pode estar equivocado ou não”, completou.
O vereador falou em construir um modelo que seja referência para o Brasil ouvindo todas as entidades interessadas em participar do processo.
“Tivemos uma iniciativa de propor e apresentar emenda que pode trazer garantia para aquele que defende e resguardar o direito de quem é contra”, enfatizou.
Com essa decisão, Marcos Vinícius também conseguiu um meio de tirar o foco do projeto. Isso porque o vereador e pré-candidato a prefeito, Marquinho Clementino, também do PROS, já havia o alertado que o momento não é para polêmicas. Ele teme o afastamento de votos de quem defende a ideologia de gênero.
“Vamos segurar esse projeto um pouco mais, evitando explorações políticas, eleitoreira ou qualquer outra que não seja relevante. Que seja uma discussão com espírito aberto, encontrada de uma forma harmônica e conciliadora, algo que pode representar um ganho e preservar o direito de quem quer que seja”, comentou.
UED
A UED mobilizou estudantes para participar da reunião da câmara desta quinta-feira (13). Os jovens levaram flores em um ato simbólico e distribuiu para os parlamentares.
“Acredito que, graças a mobilização dos movimentos estudantis, a campanha fotográfica e aos questionamentos feitos pelos estudantes através da UED, o vereador decidiu abrir o projeto para discussão. Tivemos um papel muito importante. Conseguimos fazer com que o vereador entendesse que o projeto no formato original está inconstitucional e abusivo. A UED irá dialogar com o e ainda tentar deixar o projeto de uma forma que atenda todos”, afirmou o presidente da UED, André Luís.
O projeto não deve ir a plenário antes das eleições, em outubro.