A crise do Hospital São João de Deus ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (17) com as declarações do presidente da Comissão de Saúde, vereador Edimilson Andrade (PT). Em entrevista ao PORTAL, o petista deu 40 dias de vida para a unidade. Segundo ele, se não houver uma mobilização nos próximos dias, a Fundação Geraldo Corrêa deverá ser extinta.
Essa não é a primeira vez que a ameaça de fechamento ganhou as manchetes da mídia local. Em janeiro, o promotor Sérgio Gildin apontou o risco, mas conseguiu estender o prazo após um acordo com a Secretaria de Estado de Governo. Quase cinco meses depois, um novo impasse. Com a mudança de secretário, um contrato pendente ainda não foi assinado pelo Estado. Fausto Pereira deixou o cargo e assumiu Sávio Souza Cruz.
Este contrato é referente a recontratualização dos procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). O Estado ampliaria o repasse para custear estes atendimentos. Hoje, o hospital tem um déficit mensal de R$1,2 milhão, parte dele causado pela diferença entre o custo real e o valor pago pelo SUS. No ano, seriam necessários cerca de R$ 16 milhões. Pelo menos este foi o valor apresentado pela superintendência do São João de Deus ao Estado
Cinco meses se passaram
A recontratualização foi um dos principais pontos defendidos pelo promotor. Ela é tida como a solução para estancar a crise. Em entrevistas anteriores ao PORTAL ele já havia alertado que o repasse de R$ 4,5 milhões do Estado e mais R$ 3 milhões do município não seriam suficientes para eliminar o déficit. Na época foi tratada apenas como medida paliativa.
Edimilson alega que o assunto foi esquecido pelas lideranças políticas locais após a reunião do dia 25 de janeiro. Segundo ele, ninguém cobrou a assinatura do contrato.
“Se não entrar com força, com garra, toda comunidade, os deputados, fazendo pressão, tenho quase certeza que em 30, 40 dias este hospital estará fechado”, alertou.
Até o mês passado a superintendência do hospital estava em contato com o Estado para discutir a recontratualização. A SES chegou a apresentar uma proposta, mas a unidade não concordou e pediu uma nova reunião com o secretário. Como houve a mudança, este encontro ainda não ocorreu.
De acordo com a superintendente da Regional de Saúde, Glaucia Sbampato, o São João de Deus quer um recurso a mais como incentivo, entretanto, o Estado só arca com os procedimentos realizados.
“O déficit é do hospital como um todo. O Estado não pode colocar recursos lá a título de convênios e atendimentos particulares. Isso que falta ser discutido”, explicou.
Ela e o deputado estadual, Fábio Avelar (PT do B) participaram de reunião com o novo secretário nesta terça-feira (17). Ele pediu um prazo para se inteirar do assunto e marcará outro encontro. Sávio Cruz assumiu a pasta na semana passada.
Estado
A assessoria da SES informou que o ex-secretário não deixou nenhuma pendência relativa e tratou o São João de Deus como prioridade. Disse que todos os acordos foram cumpridos, assinados e encaminhados ao Ministério Público. Segundo a assessoria, inicialmente o acordo era de repassar R$ 4,5 milhões em quatro parcelas para a unidade, já a recontratualização será discutida.
O Estado já repassou três parcelas deste montante ao Fundo Municipal de Saúde e elas foram depositadas na conta do hospital pelo município. A última deverá ser transferida normalmente até o próximo mês.
Este recurso será usado para pagamento dos honorários médicos em atraso. Entretanto, na reunião desta terça-feira (17) da Câmara, o vereador Hilton de Aguiar (PMDB) pediu uma reunião com os representantes da Dictum, do MP, do município para saber como foi aplicado o dinheiro. A informação recebida por ele é de que clínicas não receberam nenhum centavo até o momento.