eduardo print júnior oitiva na câmara de divinópolis sobre propina
Eduardo Print Júnior participou da oitiva na câmara nesta quinta-feira (22/2) (Foto: Divulgação/Câmara de Divinópolis)

Vereador negou recebimento de propina e que empresários tenham deixado dinheiro no posto

O vereador de Divinópolis, Eduardo Print Júnior (PSDB), revelou, nesta quinta-feira (22/2), que há prints mostrando uma suposta doação de R$ 20 mil feita por Rodrigo Kaboja (PSD) ao deputado estadual Eduardo Azevedo. A imagem, conforme o parlamentar, está anexa ao processo que investiga o esquema de propina para pagamento de zoneamento.

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A declaração ocorreu durante a oitiva realizada pela Comissão Processante que analisa a denúncia, a qual pode levar à cassação do mandato dele e também de Kaboja. A denúncia foi protocolada com base na operação Gola Alva do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

“Passou R$ 20 mil como ajuda de campanha. Ele (Kaboja) ajudou foi ele, pediu voto para ele (Eduardo Azevedo). Eles têm a prova de que fizeram o depósito para ele. E a prova de que fizeram para mim? Não têm”, afirmou.

A fala veio logo após o parlamentar afastado mencionar um projeto apresentado pelo deputado, na época vereador. A matéria alterava a área de construção para imóveis populares.

Em entrevista, Print Júnior disse que a negociação incluía uma vaga de emprego para a filha de Kaboja.

Os R$ 20 mil informados não aparecem na prestação de contas do deputado à Justiça Eleitoral.

A reportagem tentou contato com Eduardo Azevedo e aguarda retorno.

Nega de propina

Print Júnior voltou a se defender e disse que nunca recebeu dinheiro e tão pouco cobrou para apresentar ou aprovar projetos. Negou que qualquer quantia tenha sido deixada no posto de combustíveis do bairro São José e que qualquer funcionário tenha recebido.

Disse também que, em nenhum momento, o MPMG solicitou imagens das câmeras de segurança do local. Que nenhum empresário informou data ou horário, assim como não identificou com quem ele teria deixado o dinheiro.

Citou que a promotoria não solicitou imagens nem da Câmara, já que empresários alegaram ter entregue dinheiro na porta do órgão.

Além disso, antecipou que pedirá perícia técnica do próprio celular – a poder do MPMG – para puxar conversar que não estão no processo e que ajudam a elucidar o caso.

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Empresários

O vereador – que está afastado da justiça – também afirmou que não tem nenhuma relação com os empresários arrolados para oitivas e beneficiados pelos projetos. Assim, destacou que nunca participou de reuniões com eles para tratar de qualquer assunto, incluindo zoneamento.

O contato com o empresário Nicácio Diegues Júnior teria ocorrido após ele assumir a presidência do Guarani. Print Júnior é conselheiro.

Trâmites

De acordo com com Print Júnior, nenhum dos três projetos alvos da Operação Gola Alva teve voto dele. Como presidente da câmara, ele tem direito a votar apenas em caso de empate.

A única relação dele é com a matéria que ampliou o número de pavimentos para construção de prédios. Ele elaborou o projeto junto com o vereador Rodrigo Kaboja, também investigado.

Print Júnior promulgou as leis após o prefeito se recusar a sancionar ou vetar. Conforme o vereador, no processo há conversas dele com Kaboja em que ele o questiona sobre isso.

“Ele não é seu amigo? Por que ele não sanciona seus projetos? Deixa cair tudo aqui na câmara para mim. Isso é obrigação dele. Se ele não consegue cumprir a obrigação de vetar ou revogar, ele tem que sair daquele lugar”, relatou Print sobre o teor da conversa.

Revogação das leis

O vereador questionou a atuação do Ministério Público e perguntou o motivo pelo qual, diante de indícios de irregularidades, não houve, então, intervenção para impedir a votação. Em seguida, indagou ainda o porquê das leis não terem sido revogadas diante das supostas ilegalidades no processo de votação.

“Se tinha algo de irregular nestas leis, por que o Ministério Público não mandou para esta Casa uma recomendação? Por que o Ministério Público, sabendo da denúncia, não encaminhou perguntas, questionamentos, sobre como estavam sendo avaliadas as leis? Ele deixou tudo correr solto, deixou as leis serem votadas, vetadas pelo prefeito, isso para mim tem armação política, mais do que jurídica”, falou.

Em seguida, completou: “Se as leis são frutos de propina, por que não as revoga? Se elas trouxeram prejuízos para a sociedade, por que não revogar? Se as leis tiveram funcionalidade, qual o crime? Não tem crime. Existe um fato político, ele é claro para toda a sociedade ver”.

Para ele, o MP em Divinópolis não tem competência para investigação do caso, já que envolve outros nomes como o do prefeito e do deputado estadual. Para ele, o caso deveria ser remetido à Procuradoria-Geral em Belo Horizonte.

Ele também disparou que “o maior esquema de corrupção chama play ball. R$ 1,2 milhão. Tenho um play ball no posto que custou R$ 450”.