Conselho Municipal de Saúde investiga o caso e cobrou informações da diretora técnica; Médica que atendeu Thallya não tem especialidade registrada no CRM
Médicos sem especialidade estão atendendo na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, por exemplo, na pediatria. Isso é o que aponta uma denúncia recebida pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) e em investigação. O presidente do órgão Guilherme Lacerda pediu informações ao Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) nesta sexta (26/4), mesmo dia morte da menina de 4 anos.
Uma das médicas que atendeu Thallya Beatriz, conforme apurado pela reportagem do PORTAL GERAIS, não possui especialidade médica em pediatria ou qualquer outra registrada no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Contudo, conforme o Conselho Municipal de Saúde, o contrato entre o Ibrapp e a prefeitura exige especialistas no “atendimento de porta”. A responsabilidade pela formação da escala dos plantonistas é da diretora técnica Ludmila Pizzigatti.
“Essa notícia para nós é um escárnio. Inadmissível nós termos um contrato que exige especialistas no atendimento de porta e o Ibrapp, que já vem atrasando salários, criar essa situação sabendo da vulnerabilidade das crianças que chegam até a unidade”, afirmou Lacerda.
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O CMS oficializou a diretora técnica a encaminhar as escalas médicas dos últimos meses e o registro de ponto para identificar possível descumprimento contratual.
“Não julgamos jamais o trabalho dos médicos que estão ali exercendo uma função primordial, mas sabemos que além do contrato exigir o especialista, isso gera um risco em algum erro de conduta ao público infantil que especificamente exige cuidados mais complexos. A diretora técnica tem que se explicar e também faremos denúncia no Ministério Público e na Comissão de Saúde da câmara para as devidas investigações”, informou.
No ofício, o presidente do CMS alega que a “escassez de médicos compromete diretamente a qualidade do atendimento aos pacientes, uma vez que os profissionais remanescentes precisam lidar com uma carga excessiva de trabalho”. Isso, ainda conforme Lacerda, “implica também em uma redução na capacidade de atendimento da UPA, levando a longas esperas para consulta e tratamento”.
“Buscamos evidenciar se existe falta de profissionais e se os mesmos médicos que atuam estão devidamente atuando nas suas especialidades com RQE.”
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Sem especialidade na pediatria da UPA
Levantamento do PORTAL GERAIS também aponta que outros dois profissionais na escala de atendimento da pediatria deste sábado (27/4) não têm especialidade. Ambos com inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) em meados de 2023.
A reportagem fez contato com a assessoria do Ibrapp e aguarda retorno.
Superlotação
De acordo com boletim do Ibrapp, a UPA atua no limite. Essa semana bateu 300% de ocupação pediátrica com 21 crianças esperando internação hospitalar. O número caiu para 16 nesta sexta-feira (26/4). A média de atendimento diário, apenas infantil, chega a 100.
Entre as principais causas da superlotação, conforme o Ibrapp, é a transição entre dengue e síndromes respiratórias, por exemplo, bronquiolite, pneumonia, entre outras doenças.
A UPA atende a microrregião Oeste:
- Divinópolis
- Perdigão
- Itapecerica
- São Sebastião do Oeste
- Carmo do Cajuru
- São Gonçalo do Pará
- Cláudio